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30 de out. de 2006

LULA LÁ (...) DE NOVO

Era próximo do meio dia quando fui até minha seção eleitoral votar.

Estava um clima tranquilo.

Cheguei, segui o protocolo e me dirigi até a cabina.

Digitei os dois algarismos.

A urna indicou (...) número errado!

Confirmei!

Imediatamente o sinal sonoro soou (...)

Peguei meu título junto com o comprovante e deixei o local de votação.

Em casa, as primeiras pesquisas de boca de urna indicavam Lula reeleito.

Agora, altas horas, tudo definido.

E lá se foi mais um domingo.

Igual a tantos que já passaram.

Em outros tempo, poderia ter sido diferente, mas (...)

Infelizmente só me resta mesmo dormir (...)


CAETANO PROCOPIO

24 de out. de 2006

MANUAL DO SENSO COMUM

Certifique-se que seus pensamentos são normais. Se por algum instante você sentir vontade de brigar por algo que não seja, dinheiro, futebol e posição social, pare, respire e ligue a TV, de preferência no horário nobre. Isso irá tranqüilizar e entreter.
Tente ser sempre feliz. De preferência, ajude alguma instituição de caridade e acredite que essa é a sua contribuição para melhorar o mundo. Tente imaginar que você é um anjo na terra com uma missão especial.
Acredite em vidas passadas. Tente saber que personagem você interpretou. Se descobrir que foi uma bruxa que bebia sangue ou um rei que lutava contra a inquisição, deleite-se.
Nunca se exaspere. Seja sempre resignado com a vida. O paraíso, quando você morrer, será a recompensa tão sonhada. Mas, quando estiver no trânsito estás liberado do pecado. Xingue muito e acione a buzina sempre que puder. Isso traz alívio imediato. Não esqueça de contar aos amigos sobre suas brigas automobilísticas. Você se sentirá mais você.
Use sempre frases de efeito, elas são o código maior de compreensão do senso comum.
Limite-se a enxergar apenas aquilo que seus olhos vêem.
Acredite que o voto é o ápice da democracia e faça dele a sua bandeira de campanha social.
Use sempre a copa do mundo como sinônimo de patriotismo e faça desses esportistas verdadeiros heróis da pátria.
Tente ler algo. Mas não muito, pois a leitura vai incutir um vírus destruidor no seu cérebro e você poderá sentir fortes dores de cabeça. Limite-se a revistas semanais e a literatura de auto-ajuda. Com pequenas doses você será capaz de se comunicar com boa parte da população e sempre estará bem informado. Lembre-se: informação é tudo nos dias de hoje!
Siga corretamente essas instruções. Se deus quiser, tudo dará certo, porque o caminho do justo é estreito e de difícil acesso.

VANDERSON PIRES

8 de out. de 2006

SEGUNDO TURNO

No primeiro turno a diferença entre Lula e Alckmin foi menor que a esperada.

Apesar de pequenas, as votações de Heloisa Helena e Cristovan Buarque acabaram ajudando o tucano chegar ao segundo turno.

Grande mesmo foram as abstenções, os votos brancos e nulos: 25%.

Ou seja, 1/4 dos eleitores ou nem votaram ou quiseram ninguém.

Um percentual considerável.

No segundo turno é possível que se repita.

Na cena principal, agora a disputa é apenas entre Lula e Alckmin.

Quem ganhar já começará um governo de 12 anos.


CAETANO PROCOPIO

A BOLA DA VEZ

Quase sempre uma eleição acaba consagrando alguém pelo voto de protesto.

Talvez o mais inusitado tenha sido o rinocerente cacareco, que na eleição de 1960 recebeu mais de 100 mil votos como vereador em S. Paulo.

Em 2002 Enéas Carneiro ecoou seu bordão “Meu nome é Eneeeas!”. E lá se foram mais de 1 milhão de votos. Um recorde para deputado federal.

Agora é a vez de Clodovil Hernandes, com seus quase 500 mil votos.

O curioso é que a expressiva votação do costureiro acabou levando à Camara, um coronel da polícia aposentado.


CAETANO PROCOPIO

1 de out. de 2006

O PT E BOBBIO

Em janeiro de 2.004 Aloísio Mercadante discursou da Tribuna do Plenário do Senado reverenciando Norberto Bobbio em razão da sua morte.

Creio que o líder petista não teria o mesmo ímpeto se o ilustre pensador italiano tivesse falecido há uns 20 anos. Não que ele desmerecesse as homenagens, mas digamos que elas seriam vistas com desconfiança por um partido que naquela época ainda vicejava a idéia de aprofundar a luta de classes no Brasil. Só que os velhos tempos de oposição já não existem mais. Agora o PT-situação dissipou seus matizes. Recolheu bandeiras históricas, arrefeceu o discurso e desfigurou a postura incorporando práticas que durante sua existência repeliu com vigor. A reverência de Mercadante a Bobbio, que seria até natural se vinda de algum pontífice tucano, por exemplo, não causa espanto em mais ninguém.

A dimensão do viés petista está explícita na própria crise aberta com o PSDB. O governo ainda insiste na crítica enfadonha à “herança maldita” que, na prática, continua mais viva do que nunca. A oposição tucana cobra mudanças políticas que jamais promoveu enquanto situação. O PT tentou desesperadamente livrar seu governo das investigações parlamentares. Justamente o partido que até pouco tempo defendeu a criação de inúmeras CPI(s). O PSDB busca de todas as formas instalar CPI(s) para investigar a administração petista. O mesmo partido que sempre se opôs à formação de Comissões Parlamentares durante os 8 anos de governo FHC.

Francisco de Oliveira definiu muito bem o real sentido dessa troca de farpas, como sendo uma disputa entre dois irmãos que se odeiam. PT e PSDB agem como se fossem adversários, mas, no fundo, são muito parecidos, tanto nas concepções, quanto nas ações (e omissões).

O PT original não se valia de Bobbio como faz o atual. Mas não foi Bobbio quem precisou renunciar ao passado.

CAETANO PROCOPIO