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10 de abr. de 2007

A MALDIÇÃO DE NOSFERATU

Os filmes de terror popularizaram a figura dos vampiros como seres demoníacos que impiedosamente atacavam suas vítimas para sugar o sangue. Mas em “Nosferatu, o Vampiro da Noite” (1978), do diretor alemão Werner Herzog, Klaus Kinski interpreta um morto vivo diferente. Atormentado pelo fardo da maldição, Nosferatu é um ser em permanente agonia.

Se para as pessoas a morte é um devir implacável, para ele é um alívio. Uma vida sem a experiência dos sentidos é um nada. Nosferatu sofre, quer o amor como uma forma de acalento, mas a maldição do vampiro o condenou a um mundo de solidão e de perversidade. Ele tenta inutilmente fugir desse calvário, entretanto, sua presença entre as pessoas é o sinal da desgraça: a peste, a destruição.

Para Nosferatu a morte seria a libertação da sua cruz. Os séculos passam e ele continua perene na sua desesperança, como a própria história dos homens. As pessoas vivem um perpétuo martírio à espera do fim, como se fossem meros peregrinos do tempo. Essa existência é a maldição que aprisiona o homem na banalidade de um mundo terrível, imutável.

Voltaire disse que o ser humano é a única espécie que sabe que um dia irá morrer: um conhecimento necessário porque ele possui idéias. Foram as idéias que revelaram o próprio tempo e que também poderão libertar o homem desse seu vazio existencial. Nesse dia o tempo não será mais necessário e Nosferatu, enfim, poderá morrer em paz, livre do seu pesadelo.


CAETANO PROCOPIO