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29 de abr. de 2008

PALAVRAS

Quantos dedos haviam naquela mão?

Quantos deles queriam me tocar?

Quantos eram limpos?

As palavras tomaram o poder dos meus dedos...

E eles costuraram a minha boca.

VANDERSON PIRES

9 de abr. de 2008

O FIM DA ERA FIDEL

A história de Fidel Castro divide-se em duas partes: a primeira conta a trajetória do revolucionário que derroubou a ditadura de Fulgêncio Batista e inaugurou um regime socialista na ilha; a segunda, descreve o ditador que permaneceu por quase 50 anos no poder. Não há uma cronologia exata a definir o fim de uma e o começo da outra. Elas se confundem.

A revolução trouxe novas perspectivas aos cubanos. Mas ela se deteriorou, do mesmo modo que a liderança de Fidel. Antes dos guerrilheiros da Sierra Maestra tomarem o poder, a ilha não passava de um grande bordel onde norte-americanos enriquecidos se dirigiam para gastar seus dolares em troca de prazeres mundanos. Um paraiso tropical, mas como todo éden terreno, cercado de miséria. O socialismo não suprimiu por completo as desigualdades, mas pôs fim ao abismo social. Apesar de todas as dificuldades que a conjuntura (principalmente externa) lhe reservou, Cuba conseguiu criar um regime de inclusão social nunca visto na América Latina.

Quase 50 anos depois, o país permace fiel ao velhos revolucionários. Seus mártires ainda estão lá e Fidel, o seu maior representante. Mas até quando? O comandante deixou seu posto. O que virá agora não sabemos ao certo. Só quem poderá nos dizer são os próprios cubanos, que há 5 décadas vivem esse regime tão combatido.

Um país que não teve muitas opções. Isolado há tantos anos pela onipotência dos “guardiães da democracia”, sempre conviveu com a escassez. Com o fim da URSS, perdeu a importante ajuda financeira da potência socialista. Desde então Cuba permanece mergulhada na completa penúria. Milhares de pessoas ja abandonaram a ilha nas últimas décadas em busca da pujança no seu poderoso vizinho.

Fidel deveria ter deixado o seu posto há muito tempo. Claro que a questão não se resume a esta conclusão extremamente simplista. Agora, os milhões de cubanos que permaneceram “fiéis à revolução” precisam responder a uma interrogação: o que fazer? Lenin soube o quão complexa a resposta desta pergunta e certamente será a mais dificil que a história reservará aos exultantes moradores desta pequena ilha caribenha. E como eles a responderão, só mesmo o tempo irá nos mostrar.

CAETANO PROCOPIO