De provável berço da humanidade à martírio do mundo. Abandonada como um cão errante, desamparada como um idoso em um asilo, a África agoniza.
Na antigüidade o continente africano chegou a abrigar uma das mais importantes civilizações da época: a egípcia. Mas o seu papel histórico acabou sendo decisivamente definido nos últimos 500 anos.
A corrida mercantilista pela hegemonia comercial em fins do século XV levou as nações recém unificadas a buscar as riquezas do continente. A chegada dos europeus foi marcada pelo horror da escravidão e do tráfico negreiro. Povos e culturas acabaram sistematicamente dizimados para que os conquistadores pudessem satisfazer as necessidades prementes dos negócios metropolitanos.
O capitalismo, na incessante caminhada pelo lucro, encontrou na escravidão negra um eficiente meio de obter dividendos. Pode-se dizer que o negro foi a primeira matéria prima "made in África" a ser explorada pela economia mercantil.
À partir de meados do século XIX a revolução industrial atinge sua segunda etapa e o imperialismo colonial desperta, outra vez, o interesse das nações européias pela África.
Até hoje, a desagregação política e cultural dos países africanos (conflitos externos, guerras civis e a menor a menor expectativa de vida do planeta) tem suas raízes na forma como o capitalismo promoveu a inserção deles no universo de suas relações.
Mas como Marx sugeriu, vivemos a história sobre o ponto de vista do capital, a história do homem ainda está para ser contada, enquanto isso, a África continuará sendo "o continente esquecido".
CAETANO PROCOPIO
MARCELO TEIXEIRA