O PT nasceu no começo dos anos 1980 trazendo consigo uma perspectiva transformadora para o país.
Pouco mais de duas décadas depois, em 2002, quando finalmente galgou a presidência da república, já havia arrefecido suas convicções e o tom conciliador, dominado o partido.
Lula-presidente promoveu um amplo acordo pela “governabilidade” tornando o seu mandato uma continuação da era FHC.
Os escândalos de corrupção que varreram a administração petista evidenciam a capitulação do partido ao “velho estilo das elites”, como diria o saudoso Florestan Fernandes.
Mas o viés mais perverso e diabólico desta guinada conservadora está no programa assistencialista bolsa-família, nascido da junção de outros projetos desenvolvidos no período FHC.
Na contramão de tudo aquilo que o PT historicamente defendeu não se concretiza como uma política de combate às desigualdades, ao contrário, é o lenitivo que acomoda o desvalido na sua própria condição de miserável, condenado à pobreza, o seu destino indelével, mas salvo de sucumbir na escassez completa pela mão leniente daquele que veio do povo (...) só que dele, não mais faz parte.
O bolsa-familia é a tábua de salvação dos que nada possuem, mas que agora vivem uma eterna dívida de gratidão para com o “salvador”.
Lula é a própria imagem do brasileiro comum, que fala a linguagem simples das ruas e consegue até mesmo explicar uma medida política através da gíria futebolística, este o seu aspecto encantador.
Do projeto de transformação petista sobraram apenas a verborragia do discurso presidencial e o cinismo e a demagogia daqueles que ainda se dizem combatentes da esquerda.
A metamorfose petista agora está completa: deixou para trás a combatividade dos velhos tempos e converteu-se em um instrumento de continuação política de todos seus antecessores.
CAETANO PROCOPIO