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2 de dez. de 2010

A LÓGICA PERVERSA DO BOLSA-FAMÍLIA

O PT nasceu no começo dos anos 1980 trazendo consigo uma perspectiva transformadora para o país.

Pouco mais de duas décadas depois, em 2002, quando finalmente galgou a presidência da república, já havia arrefecido suas convicções e o tom conciliador, dominado o partido.

Lula-presidente promoveu um amplo acordo pela “governabilidade” tornando o seu mandato uma continuação da era FHC.

Os escândalos de corrupção que varreram a administração petista evidenciam a capitulação do partido ao “velho estilo das elites”, como diria o saudoso Florestan Fernandes.

Mas o viés mais perverso e diabólico desta guinada conservadora está no programa assistencialista bolsa-família, nascido da junção de outros projetos desenvolvidos no período FHC.

Na contramão de tudo aquilo que o PT historicamente defendeu não se concretiza como uma política de combate às desigualdades, ao contrário, é o lenitivo que acomoda o desvalido na sua própria condição de miserável, condenado à pobreza, o seu destino indelével, mas salvo de sucumbir na escassez completa pela mão leniente daquele que veio do povo (...) só que dele, não mais faz parte.

O bolsa-familia é a tábua de salvação dos que nada possuem, mas que agora vivem uma eterna dívida de gratidão para com o “salvador”.

Lula é a própria imagem do brasileiro comum, que fala a linguagem simples das ruas e consegue até mesmo explicar uma medida política através da gíria futebolística, este o seu aspecto encantador.

Do projeto de transformação petista sobraram apenas a verborragia do discurso presidencial e o cinismo e a demagogia daqueles que ainda se dizem combatentes da esquerda.

A metamorfose petista agora está completa: deixou para trás a combatividade dos velhos tempos e converteu-se em um instrumento de continuação política de todos seus antecessores.

CAETANO PROCOPIO