Total de visualizações de página

1 de out. de 2012

ERIC HOBSBAWM (1917-2012)



entrevista concedida pelo historiador inglês Eric Hobsbawm ao jornal Folha de S. Paulo em 2.009.


Folha - O que mais deveria ser discutido no aniversário de 20 anos da queda do Muro de Berlim?
Eric Hobsbawm - A celebração é oportuna porque o capitalismo agora chegou a seu limite. A crise econômica mundial é o fim de um ciclo, que começou a ruir quando caiu o Muro em Berlim. No Leste Europeu, vejo dificuldade em rompimento com o legado comunista. Mas é o Ocidente quem deve refletir mais sobre o que ocorreu na Guerra Fria e o que pode ser feito para evitar um novo colapso.
As "Eras" são consideradas um exemplo de boa análise histórica dedicada a um amplo período. O sr. acha que falta ambição a historiadores hoje?
Para fazer história com uma perspectiva maior, é preciso ser um intelectual maduro. Hoje, os jovens historiadores gastam muito mais tempo em suas especializações. Quando estão aptos a dar um passo maior, hesitam. A história equivocadamente se afastou da "história total" que fazia Fernand Braudel [1902-1985].
O sr. começa "A Era dos Impérios" contando uma história autobiográfica (a do encontro de seus pais no Egito) e então propõe uma reflexão sobre história e memória. Quão diferente foi escrever este volume, que se refere a passagens mais próximas do seu olhar no tempo, do que os anteriores?
Neste livro tive de trabalhar com o que chamo de "zona de penumbra", onde se misturam nossas lembranças e tradições familiares com o que aprendemos depois sobre determinado período. Não é fácil, pois trata-se de um território de incertezas e em que há um elemento afetivo. Por outro lado, trata-se de uma oportunidade de estimular aquele que lê a pensar sobre como seu próprio passado está relacionado com a história.
Em seu novo livro ("Reappraisals"), o historiador britânico Tony Judt escreveu um ensaio sobre o senhor ("Eric Hobsbawm and the Romance of Communism"). Neste, mostra admiração por seu conhecimento, mas faz uma severa crítica: "para fazer o bem no novo século, nós devemos começar dizendo a verdade sobre o antigo. Hobsbawm se recusa a mirar o demônio na cara e chamá-lo pelo nome". Como o sr. responderia a seu colega?
A crítica de Judt não se justifica. O que ele quer é que eu diga que estava errado. Em "A Era dos Extremos", eu encaro o problema, o critico e condeno. Não tenho problemas em dizer que a Revolução Russa causou dor e sofrimento à população russa. Porém, o esforço revolucionário foi algo heroico. Uma tentativa de melhorar a sociedade como não se viu mais na história. Me recuso a dizer que perdi a esperança.
O sr. havia dito, numa entrevista ao "Independent", que havia alguns clubes dos quais não iria ser sócio nunca, referindo-se aos intelectuais ex-comunistas. Ainda pensa assim?
Não vejo problema quando um intelectual, especialmente de países do Leste Europeu, percebe que a democracia é melhor do que o sistema autoritário em que vivia. É normal a mudança de posição quando surgem fatos novos. O ex-comunista que condeno é aquele que antes militava em grupos de esquerda e que hoje tem uma bandeira única, a de ser anticomunista apenas, esquecendo-se do resto das ideias pelas quais lutava. Também me entristece ver intelectuais jovens, que não passaram pela história dessas lutas, repetindo e tentando tirar benefício desse mesmo tipo de propaganda.
A América Latina está às vésperas de comemorar, em vários países, os 200 anos do início das lutas de independência. Que análise faz do atual momento?
A dependência econômica ainda é um fato, mas politicamente a América Latina é cada vez mais livre. Washington jamais voltará a exercer a influência de antes, tampouco a apoiar golpes ou ditaduras como fez no passado. O que está acontecendo em Honduras é um sinal disso. O Brasil tem papel central nesse processo, uma vez que o México se transforma cada vez mais em apêndice dos EUA.

retirado do sitio da Folha de S. Paulo na web: 

12 de ago. de 2012

PORQUE A UNIÃO EUROPÉIA PODE SE TORNAR UMA RUÍNA NOVA EM FOLHA

* por ROBERT KURZ (1943-2012).


Vê-se hoje em muitos países a desintegração estatal e monetária

A linguagem política utiliza muitas vezes conceitos que, como na utopia negativa ''1984'', de George Orwell, significam exatamente o contrário daquilo que parecem indicar. Em toda a Europa, fala-se há muito sobre a integração européia. O antigo processo de autodilaceramento nacionalista do velho continente deve ser finalmente solucionado pela unidade européia, com a qual já sonhavam os filósofos do Iluminismo. Isso soa como música aos ouvidos. E há, de fato, a União Européia (UE), a Comissão Européia em Bruxelas, o Tribunal Europeu em Luxemburgo e outras instituições unitárias. Estamos, enfim, a caminho da integração? Na verdade, o entusiasmo com a União Européia diminuiu ao sabor da conjuntura. O mais recente relatório da Comissão Européia demonstra que, nas últimas duas décadas, o crescimento médio na UE caiu de 4% para 2,5%, enquanto que os investimentos sofreram um decréscimo de 5%. Contra o pano de fundo da fragilidade econômica, as contradições da edificação européia tornam-se cada vez mais claras. Os arquitetos da integração construíram uma ''ruína nova em folha''. Não há na Europa um poder político capaz de implementar sequer um único de seus planos. O resultado dos inúmeros compromissos assumiu a forma de um ser híbrido, que não é nem um sistema de relações bilaterais nem um verdadeiro Estado pan-europeu. A Comissão Européia não foi investida do status de governo, mas atua como uma espécie de governo paralelo, enquanto os ministros dos governos nacionais ainda existentes reúnem-se em conselho e raramente chegam a um acordo ou a decisões inequívocas. Encontramos o mesmo problema ao nível da economia. De um lado, as antigas economias nacionais continuam vivas; de outro, porém, devem ser criadas instituições econômicas e político-financeiras comuns que ultrapassem a simples zona de livre comércio, como o Nafta ou o Mercosul. Isso vale sobretudo para a planejada instalação de uma moeda européia unitária. ''Ecu'' ou ''Euro''? Em 10 de dezembro de 1991, foi assinado em Maastricht o acordo para criar uma união econômica e monetária européia. Esse acordo prevê que as moedas nacionais sejam substituídas pela moeda européia em três etapas, até no máximo 1º de janeiro de 1999. Mas, enquanto o desenhista rabisca os primeiros esboços da nova cédula, e ainda é questão controversa se o nome da moeda será ''Ecu'' ou ''Euro'', o projeto como um todo é posto em dúvida, sob todos os aspectos. O transtorno é grande; ninguém mais sabe ao certo quem é de fato contra ou a favor da empreitada. Essa confusão foi causada pelos próprios autores do projeto. É uma contradição em termos um Banco Central ser criado como instituição político-financeira sem que os contornos de um poder político correspondente estejam delineados. A moeda européia seria a primeira moeda na história a não estar vinculada a um verdadeiro poder estatal. A união política permanece fraca e ineficaz como fator de poder, mas mesmo assim deseja-se criar uma moeda comum. Isso é mais ou menos tão promissor quanto começar a construção de uma casa não pelas fundações, mas pelo telhado. A falta de um fundamento político indica a ausência correspondente de embasamento econômico. As diferentes formas estatais de moeda como o dólar, o marco alemão etc. não são mais que ''nomes'' para designar um determinado nível da capacidade econômica nacional. Uma moeda representa, tanto em termos internos quanto externos, a potência real da economia de uma certa região delimitada pelo Estado. Isso só é possível quando os indicadores econômicos da região demarcada pela respectiva moeda situam-se aproximadamente no mesmo nível. Tais indicadores são sobretudo a produtividade, a provisão de capitais e o patamar salarial. Em todo Estado onde se desenvolve uma desigualdade econômica muito acentuada, mais cedo ou mais tarde a base da economia nacional, a unidade do Estado e por fim a própria moeda comunitária são necessariamente postas em questão. A Iugoslávia é um exemplo clássico para ilustrar esse problema. Quando a disparidade econômica entre as repúblicas do Norte (Eslovênia e Croácia) e as repúblicas do Sul (Sérvia, Bósnia e Macedônia) tornaram-se muito grandes, o movimento separatista teve seu primeiro impulso e o Estado como um todo foi posto em xeque. As repúblicas mais desenvolvidas do Norte não concordavam mais em compensar a disparidade e arcar com o ônus da perpétua repartição de rendas. Hoje, na região da antiga Iugoslávia, não há somente Estados diferentes, mas também diferentes moedas. O grande descompasso do nível econômico encontrou sua expressão política e monetária. A moeda não pode ostentar o mesmo nome para as diversas regiões economicamente devastadas; cada Estado possui agora um nome específico para sua própria moeda. E, evidentemente, o nome da moeda nas regiões com maior produtividade é (relativamente) ''melhor'', como por exemplo o tolar esloveno; o dinar sérvio, ao contrário, designa agora o nome ''ruim'' de uma moeda pobre e inflacionária. Esse fenômeno da desintegração estatal e monetária é verificado hoje em muitos países. A razão é simples: o processo de racionalização e globalização, além de excluir e ''alijar'' um número cada vez maior de pessoas, faz com que essa questão seja traduzida também em termos de conflito regional. De forma análoga à Iugoslávia, em muitos Estados já existe uma desigualdade econômica tradicional entre regiões contrastantes que só tende a aumentar com a recente evolução do mercado mundial. Na Itália, por exemplo, a Lega Nord representa o esforço de separação entre as regiões industriais do Norte e o modo de produção agrário do Sul; dizem até que o líder do movimento chegou a proclamar, em tom peremptório: ''A partir de Roma, para mim começa a África''. Na China, do mesmo modo, há a ameaça de um conflito entre as províncias costeiras, nas quais se concentra a maior parte da indústria de bens para exportação, e as províncias do interior, cada vez mais atrasadas economicamente. Há um núcleo de racionalidade econômica nos movimentos ''étnicos'' e separatistas de cunho irracional que inundam atualmente o globo; o resultado não são apenas Estados cada vez menores, mas também um número cada vez maior de moedas, das quais grande parte é extremamente fraca. A diferença das moedas constitui uma espécie de amortecedor ou válvula de segurança para compensar (ao menos em parte) a diferença de nível econômico. A moeda de um país com baixa produtividade diminui em seu valor quando contraposta à moeda de um país com alta produtividade e maior volume de capital. Através da taxa de câmbio, portanto, as exportações do país economicamente mais forte têm seus preços elevados, e as do país economicamente mais fraco seus preços reduzidos. Isso permite que o país mais fraco, apesar da desigualdade econômica, mantenha-se apto à concorrência na exportação de produtos industriais. Ao mesmo tempo, seu mercado interno é parcialmente protegido contra a importação de mercadorias de países mais fortes. Tanto na produção para a exportação quanto na produção para o próprio mercado interno, a válvula de segurança da taxa de câmbio pode garantir os empregos nos países com baixa produtividade. Mas também no sentido inverso a taxa de câmbio assume a função de uma válvula compensatória. Os salários nos países economicamente fracos são muito baixos. Surge então para os empresários de países com grande importe de capital e nível elevado de salários o estímulo de transferir os setores de produção cuja mão-de-obra é intensiva para os países onde os salários são menores. Essa tendência é refreada, contudo, pelo fato de as moedas dos países com baixos salários sofrerem sucessivas desvalorizações em relação às moedas dos países economicamente mais fortes e com salários elevados. Para as empresas multinacionais, isso significa que o ganho com salários pode ser anulado com a perda na taxa de câmbio. Desse modo, a válvula da taxa de câmbio protege também uma parte dos empregos nos países com altos salários. Tudo isso, obviamente, tem validade apenas relativa. A pressão da globalização é forte o bastante para ameaçar o funcionamento da taxa de câmbio. Mas pior ainda é quando essa válvula de segurança é destruída de caso pensado. Esse é justamente o caso da união monetária européia. Dentro da UE, a disparidade econômica é grande. O produto interno bruto per capita, expresso em mil unidades da hipotética moeda européia, atingiu em 1994 a cifra de 21,2 na Alemanha, 19,6 na França, 14,7 na Itália e na Inglaterra, 7,7 na Grécia e 7,5 em Portugal. Se países do Leste europeu como a Polônia, a República Tcheca e a Hungria vierem no futuro a se juntar ao grupo, a disparidade será ainda mais gritante. É um absurdo: ao passo que em várias partes do mundo o desequilíbrio econômico conduz ao esfacelamento de Estados e sua desintegração em diversas regiões monetárias, a UE _cuja existência política é uma incógnita_ quer justamente impingir uma moeda comum a mais de uma dúzia de países com níveis de desenvolvimento econômico absolutamente diversos! Um modelo negativo desse experimento foi a unificação das duas Alemanhas. A economia mais fraca da antiga República Democrática Alemã foi incorporada da noite para o dia ao marco alemão. Todos os custos e preços tiveram de ser designados pelo nome da moeda vinculada a um nível de produtividade essencialmente mais alto. Em poucos meses, toda a produção do setor oriental perdeu cerca de 80% de seu poder de concorrência, tanto na exportação quanto no próprio mercado interno. Milhões de empregos foram extintos. Empresários ocidentais, por outro lado, transferiram parte da produção para a Alemanha Oriental, a fim de aproveitar os baixos salários e a subvenção do governo alemão. No cômputo final, ambos os países perderam receita e empregos, sendo a parte oriental a mais prejudicada. Para evitar uma catástrofe econômica, o governo foi obrigado a transferir desde então 150 bilhões de marcos por ano à Alemanha Oriental e onerar com esse saldo os mercados nacional e internacional. E agora querem transpor esse modelo para toda a Europa! A moeda européia deve ser pelo menos tão estável quanto o marco alemão. Isso significa que a nova moeda terá de refletir um nível econômico que a maioria dos países membros não possui. Qual seria a consequência? O mesmo problema que surgiu na moeda alemã com a incorporação da economia do Leste seria repetido ao nível da União Européia como um todo. A questão seria ainda mais delicada, pois a capacidade econômica de, por exemplo, Irlanda, Portugal ou Grécia está abaixo do nível da antiga Alemanha Oriental. Grande parte da economia européia teria sua existência ameaçada. Para evitar revoltas nas várias regiões em apuros, a Comissão Européia teria de distribuir verbas numa proporção inimaginável. A emissão de créditos, além de sobrecarregar os mercados financeiros do mundo, desestabilizaria a própria política monetária de um Banco Central europeu e enfraqueceria rapidamente a nova moeda. Mesmo na Alemanha, uma política que quer implementar a estabilidade das finanças e ao mesmo tempo promover a integração de duas regiões com níveis econômicos inteiramente diversos, só pode conduzir ao absurdo. Só Luxemburgo Ambos intentos, simultaneamente, são impossíveis. Prova disso é que nem mesmo a Alemanha, graças aos custos de sua unificação, preenche mais os ''critérios de estabilidade'' exigidos pela moeda européia. Tais critérios restringem a contração anual de dívidas a 3% e o total das dívidas a 60% do PIB. Em 1995, com um montante de dívidas de 3,6%, a Alemanha não cumpriu nem cumprirá o acordo nos próximos anos. Eis aqui a ironia: com exceção do minúsculo grão-ducado de Luxemburgo, nenhum país é capaz de preencher hoje em dia os quesitos de estabilidade impostos pela UE. Quem se interessa por um experimento tão arriscado quanto a união monetária européia? Em primeiro lugar, a casta política que, como o chanceler alemão, é economicamente ignorante, mas tem pretensões históricas e espalha aos quatro ventos que os números comprovam sua tese. Em segundo lugar, os ''global players'' das grandes empresas, que esperam talvez, com ajuda da moeda européia, aproveitar todas as vantagens de custo sem o empecilho da taxa de câmbio, a fim de somar esforços contra a concorrência do mercado mundial. Sua opção portanto seria nada menos que uma ''fortaleza Europa'' _nova etapa da ''globalização voltada para dentro'', à custa de uma segregação econômica e social ainda maior nos limites da UE. Evidentemente, não está claro ao empresariado que seria necessária uma ditadura militar européia para fazer valer essa opção. A instância politicamente fraca da Comissão Européia jamais estará em condições de manobrar uma grave crise econômica, social ou financeira como a que será desencadeada pela moeda européia. Os governos nacionais, porém, têm de afirmar sua presença diante dos eleitores. Como reação das massas a uma crise européia, é de se temer uma nova onda irracional do antigo nacionalismo. O sonho da integração européia ou bem permanece estéril no solo da economia de mercado ou então transforma-se em pesadelo. E agora entendemos por que a linguagem política da união econômica e monetária européia só pode ser uma linguagem orwelliana: ''estabilidade'' significa desestabilização e ''integração'' significa desintegração. Como nesse meio tempo muitos darão por conta do perigo, tudo indica que o nascimento da moeda européia será na verdade um aborto. 

Escrito pelo ensaista alemão Robert Kurz e publicado no jornal Folha de São Paulo em 1996. 

8 de ago. de 2012

MERCADO

Todos que conheço nessa vida, Estão sempre cansados, sem tempo, estressados! Vivendo a dura vida de escravo. Vendendo o seu tempo de vida por centavos, Que na maioria das vezes não sobra nada para um trago. E de quem é a culpa desse amaldiçoado pecado? Seria o Diabo o criador do mercado? Ou o mercado criou o Diabo? Alguém tem que ser o culpado! Pelo cancer que se cria por todo esse cansaço. Que mata como bala feita de aço Pela virgem que ainda não perdeu o cabaço, Por culpa do cansaco, por culpa do mercado. (VANDERSON PIRES)

21 de abr. de 2012

A MALDIÇÃO DA LINGUA

A cobra ja foi um bicho muito falante. E falava bem. Convenceu Eva com seu discurso. Seu poder era eloquente. Lingua comprida. Mas o que ela nao sabia, é que pode se move como água. Dificil de segurar. Quanto mais se tem, maior é o preco a se pagar. E a lingua dela pagou com o silencio eterno. E toda lingua se tornou amaldiçoada a pagar com o retorno poderoso do falar. A lingua paga! (VANDERSON PIRES)

2 de abr. de 2012

VIDA MODERNA, VIDA MEDÍOCRE

Quando leio os mandamentos que vocês criaram para eu seguir,
As leis para me coibir, os modelos para me possuir, a coleira para eu vestir.
Sinto-me como águas acorrentadas nas estreitas margens da vida, me
debatendo loucamente, num movimento desesperado e agoniado em busca de
liberdade.
Por que aderimos tão facilmente a regras ordinárias?
Vivendo dias como escravos de limitações inventadas por nós mesmos...
Incapazes de reagir, proliferando apenas a submissão de cumprir ordens.
Atingindo o nível mais baixo da miséria existencial. A busca pelo
dinheiro. A falsa promessa de felicidade na idealização familiar.
Procriando como ratos. Tendo como meta achar um sentido na vida,
criando outra vida. Bilhões de bocas famintas. Nunca saciáveis.
Estômagos predadores destruindo tudo ao redor. Filhos do açúcar
refinado, geração amaldiçoada pelas industrias de alimentos
processados. Corpos e almas envenenadas.
Gente que tem nos voyeurismos cibernéticos a única maneira de se
expressar, criando a ilusão de uma vida perfeita. A falsa imagem do
sorriso fotografado.
E a regra nos ensina conjugar o verbo amar apenas com as coisas que
conseguimos comprar, acumular, se apropriar...

VANDERSON PIRES