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26 de dez. de 2017

O SÉCULO XXI SÓ COMEÇOU EM 2001!

Às 00:00 do dia 1/1/2000, em todas as partes do planeta, bilhões de pessoas se arregimentaram para comemorar a passagem do século e o início do milênio. Só um detalhe! O século XXI só começou em 2001!

Não é a toa que o diretor Stanley Kubrick iniciou a sua odisséia no espaço em 2001. As portas para o novo milênio se abriram ali, apesar de que, para o inquieto cineasta esse futuro não se mostre muito alentador.

         Mas deixemos a ficção de lado - não que no caso ela não nos sirva de exemplo - para adentrarmos na história, mais precisamente no século VI da nossa era (cristã).

 Determinado em caracterizar com significados próprios o período que logo definiria o “mundo civilizado”, o historiador grego Dionísio propôs um calendário compatível com as exigências do poder pontificado em ascensão. Usando como base a contagem do antigo calendário juliano (anos de 365 dias com 1 ano bissexto a cada três anos), instituiu o ano 1, obviamente, no nascimento de Cristo. Os anos a frente dessa data passaram a ser ‘d c.’ e os anteriores ‘a c.’. Esse sistema vigiu por dez séculos: em 1582 o papa Gregório XIII realizou um ajuste definitivo corrigindo a diferença de dias existente no calendário juliano.

Se o registro inaugural da era cristã foi o ano 1, o término do seu primeiro século coincidiu com o ano 100. Encerrou-se, portanto, o século I. Em 101, abriu-se o século II terminando em 200. Bem, descobrimos o fio da meada! Seguindo essa cantilena vamos finalmente chegar ao século XX. Ele foi inaugurado em ... (lembrem-se o exercício anterior!) 1901: o primeiro “reveillon” do século XX. Assim, no dia 31 de dezembro de 1999, não comemoramos  a  primeira ceia do século XXI, mas a última do século XX.

Ou seja, comemoramos o limiar do século que ainda não havia começado. Nenhum  matemático astuto, ou mesmo um historiador descolado, ou talvez, um mago alquimista, abalizados por “sólidos” argumentos da ciência, ou quem sabe, da espagíria medieval apareceu para denunciar a realidade. Mas o pior não foi devidamente esclarecido aos crédulos. Segundo estudos do final do século passado, pesquisadores descobriram um erro na marcação do nascimento de Cristo, levando-se em conta a morte de Heródes, Cristo teria vindo ao mundo antes do seu registro oficial, aproximadamente em 6  a.c.. Portanto, em 2000, já estávamos em pleno século XXI!

         Tudo bem, cada um pode estar na época que melhor lhe aprouver. A revolução francesa chegou a criar o seu próprio tempo, capaz de representar os ideais anticlericais de uma burguesia emergente, o que permitiu a Napoleão dar um golpe de Estado em 18 do brumário (10/11/1799). Os bolcheviques russos, em 1917, ainda utilizavam o calendário juliano, última reminiscência do passado czarista que adotara a religião ortodoxa grega. O golpe fatal ocorreu em outubro daquele ano, novembro em nossa “folhinha”. Outros povos também adotaram os seus: os judeus já estão além do ano 5000, os muçulmanos, ainda devem estar no século XIV ou XV.

Mas em qualquer data, o que a humanidade ainda não encontrou é o verdadeiro tempo de um mundo justo e solidário. Quando será?



CAETANO PROCOPIO

11 de nov. de 2017

OS SENHORES DA GUERRA

(texto originalmente publicado em 2003)


Parece que estamos na iminência de um ataque militar “preventivo” dos EUA contra o Iraque. Se quiserem, nem precisam do parecer favorável da ONU para iniciar o conflito. As decisões do governo americano independem do aval da comunidade internacional ratificar ou não suas deliberações, afinal, fazem valer o fato de possuirem a maior força militar do planeta.

É exatamente esse o grande (e único) trunfo que os norte-americanos ainda possuem. Ninguém pode enfrenta-los na força. Se a grandeza de suas empresas está sendo desmascarada pelos escândalos das fraudes fiscais (o Presidente Bush sabe bem o que isso significa!) ainda assim, é a maior potência econômica existente e seu setor bélico, um dos principais responsáveis por esse sucesso.

Agora, estão voltando suas armas, outra vez, contra Saddam Hussein. Querem um alvo para atingir. A economia americana de tempos em tempos necessita de uma guerra para se revitalizar. O diretor do FMI, Horst Köhler, confirma a disposição dos EUA com uma naturalidade espantosa. Diz que uma breve e bem sucedida guerra contra o Iraque seria positiva para a economia mundial.

O conflito ocorrido na década passada exterminou aproximadamente 100 mil iraquianos e há mais de 10 anos a população daquele país sofre as agruras de um bloqueio infame imposto pelos EUA. O pretexto para tamanha monstruosidade é derrubar o regime ditatorial de Saddam, que no passado não tão distante, contou com a ‘boa vontade’ de seus atuais inimigos.

Não há limites para a crueldade, quando uma guerra é vista somente como um acontecimento corriqueiro, apenas mais um fato a ser observado por investidores do mercado financeiro, conforme analisa o sr. Köhler, com indefectível propriedade.

O mundo reclama por paz com o fim das animosidades entre os povos, mas esse clamor ainda é muito tênue para ser ouvido. Ele não encontra repercussão suficientemente capaz de suplantar a onipotência da tirania belicista de Bush e seus asseclas.

Sangue e ruínas são os únicos ingredientes possíveis para uma economia fantasma. A produção de mercadorias já não é mais fator para o desenvolvimento, como fora nos tempos da empresa fordista, com seu pleno emprego. No momento, a única industria capaz de salvar a economia é a da destruição. Os mortos contabilizados (ou não!) poderão ser a pedra angular que irá salvar as bolsas do colapso e assim incrementar os negócios globais que tanto preocupam o sr. Köhler. Quanto as milhares vidas em risco, isso não importa, é só objeto para estática, já que faz parte da regra do jogo desses senhores da guerra.
  
                                                                                                           CAETANO PROCOPIO

20 de mai. de 2017

AUSÊNCIA



da sua antípoda, já vi a dor

mas da sua referência, a pungência

que subtrai o que nos conforta

e desvela o vazio que nos ronda

a ausência da minha vó

de um velho amigo

de tudo que me cercou

e não está mais aqui

CAETANO PROCOPIO