Se para as pessoas a morte é um devir implacável, para ele é um alívio. Uma vida sem a experiência dos sentidos é um nada. Nosferatu sofre, quer o amor como uma forma de acalento, mas a maldição do vampiro o condenou a um mundo de solidão e de perversidade. Ele tenta inutilmente fugir desse calvário, entretanto, sua presença entre as pessoas é o sinal da desgraça: a peste, a destruição.
Para Nosferatu a morte seria a libertação da sua cruz. Os séculos passam e ele continua perene na sua desesperança, como a própria história dos homens. As pessoas vivem um perpétuo martírio à espera do fim, como se fossem meros peregrinos do tempo. Essa existência é a maldição que aprisiona o homem na banalidade de um mundo terrível, imutável.
Voltaire disse que o ser humano é a única espécie que sabe que um dia irá morrer: um conhecimento necessário porque ele possui idéias. Foram as idéias que revelaram o próprio tempo e que também poderão libertar o homem desse seu vazio existencial. Nesse dia o tempo não será mais necessário e Nosferatu, enfim, poderá morrer em paz, livre do seu pesadelo.
CAETANO PROCOPIO