11
de setembro de 2001, Nova Iorque e Whashington estão mergulhadas em cenas de
horror. A ficção hollywoodiana deixa as telas para transformar-se num pesadelo.
As
imagens transmitidas por emissoras de TV(s) de todo o mundo são insólitas. Dois
importantes símbolos do poder capitalista, o “World Trade Center” e o
“Pentágono”, são alvos do maior atentado terrorista em território americano.
A
versão mais veiculada aponta as principais suspeitas pela autoria dos ataques,
ao “fundamentalismo islâmico”, identificado na figura do atual inimigo número
um dos EUA: Osama Bin Laden. O milionário saudita é acusado de praticar atos
terroristas contra alvos norte-americanos em várias partes do mundo.
O
episódio vem sendo utilizado como argumento para ampliar a aversão ocidental,
já muito difundida pelos EUA, ao mundo árabe e, possivelmente, justificar o acirramento das intervenções
ianques no oriente muçulmano.
Desde
que os EUA tornaram-se a nação hegemônica do capitalismo, sua política externa tem
sido amparada pela crença no “Destino Manifesto”, ou seja, na superioridade
anglo-saxônica sobre os demais povos. A predestinação calvinista é o supedâneo
para que “os eleitos” sejam os guardiães do mundo e possam assim decidir sobre
os destinos de todo o planeta. Qualquer sinal de resistência aos ensinamentos
de “Tio San” é considerado uma afronta injustificável aos valores da
“liberdade” e da “democracia”.
Sob
esse argumento chauvinista, os EUA tem promovido toda sorte de atos de
violência e atentados à liberdade de “autodeteminação dos povos”, defendida
pela própria Organização das Nações Unidas.
A
interferência norte americana no oriente médio vem sendo decisiva para o
permanente estado de beligerância na região. Se por um lado os EUA “lava suas mãos”
na questão palestina e convalida os massacres israelenses nos territórios
ocupados (já que precisa do apoio do Estado Judeu para garantir uma área de
controle sobre o “fundamentalismo muçulmano”), em outros momentos, a
“diplomacia” foi deixada de lado. Na guerra entre Irã e Iraque, os EUA ajudaram
a financiar a máquina de guerra de Saddam Hussein para combater a liderança do
Aiatolá Khomeini. No conflito do golfo, no início dos anos noventas, o antigo
aliado transformou-se num monstro e a capital iraquiana Bagdá sofreu maciços
bombardeios de aviões americanos. Acredita-se que aproximadamente 100 mil civis
morreram, apesar das redes de televisão apenas terem destacado a destruição de
alvos militares.
No
caso de Bin Laden, a milícia afegã que controla o país está sendo acusada de
acobertar o possível autor dos atentados em Nova Iorque e Washington.
Entretanto, desde a década de oitenta os EUA vinham apoiando a ação de
guerrilheiros islâmicos com o intuito de repelir a intervenção soviética
iniciada em 1979 e derrotar o regime socialista instalado no Afeganistão.
Essas
ambiguidades permanecem ocultas na história americana, marcada pelo mito
da luta “heróica” contra a resistência
dos inimigos do “mundo livre”, antes os “comunistas”, agora os árabes. A permanente
construção de vilões no imaginário popular é o resultado desse maniqueísmo que
justifica a verdadeira razão dos EUA intervirem na política internacional:
garantir de todas as maneiras a primazia de seus negócios sobre quaisquer
outros interesses existentes.
O
fenômeno do terrorismo apesar de ser o reflexo do fanatismo e da
irracionalidade, não pode ser visto como um fato isolado, fora da
“civilização”, mas sim uma conseqüência direta da barbárie que dissemina o ódio
pelo mundo.
CAETANO PROCOPIO