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11 de mar. de 2015

A POLÍTICA DO ÓDIO

11 de setembro de 2001, Nova Iorque e Whashington estão mergulhadas em cenas de horror. A ficção hollywoodiana deixa as telas para transformar-se num pesadelo.

As imagens transmitidas por emissoras de TV(s) de todo o mundo são insólitas. Dois importantes símbolos do poder capitalista, o “World Trade Center” e o “Pentágono”, são alvos do maior atentado terrorista em território americano.

A versão mais veiculada aponta as principais suspeitas pela autoria dos ataques, ao “fundamentalismo islâmico”, identificado na figura do atual inimigo número um dos EUA: Osama Bin Laden. O milionário saudita é acusado de praticar atos terroristas contra alvos norte-americanos em várias partes do mundo.

O episódio vem sendo utilizado como argumento para ampliar a aversão ocidental, já muito difundida pelos EUA, ao mundo árabe e, possivelmente,  justificar o acirramento das intervenções ianques no oriente muçulmano.

Desde que os EUA tornaram-se a nação hegemônica do capitalismo, sua política externa tem sido amparada pela crença no “Destino Manifesto”, ou seja, na superioridade anglo-saxônica sobre os demais povos. A predestinação calvinista é o supedâneo para que “os eleitos” sejam os guardiães do mundo e possam assim decidir sobre os destinos de todo o planeta. Qualquer sinal de resistência aos ensinamentos de “Tio San” é considerado uma afronta injustificável aos valores da “liberdade” e da “democracia”.

Sob esse argumento chauvinista, os EUA tem promovido toda sorte de atos de violência e atentados à liberdade de “autodeteminação dos povos”, defendida pela própria Organização das Nações Unidas.

A interferência norte americana no oriente médio vem sendo decisiva para o permanente estado de beligerância na região. Se por um lado os EUA “lava suas mãos” na questão palestina e convalida os massacres israelenses nos territórios ocupados (já que precisa do apoio do Estado Judeu para garantir uma área de controle sobre o “fundamentalismo muçulmano”), em outros momentos, a “diplomacia” foi deixada de lado. Na guerra entre Irã e Iraque, os EUA ajudaram a financiar a máquina de guerra de Saddam Hussein para combater a liderança do Aiatolá Khomeini. No conflito do golfo, no início dos anos noventas, o antigo aliado transformou-se num monstro e a capital iraquiana Bagdá sofreu maciços bombardeios de aviões americanos. Acredita-se que aproximadamente 100 mil civis morreram, apesar das redes de televisão apenas terem destacado a destruição de alvos militares. 

        No caso de Bin Laden, a milícia afegã que controla o país está sendo acusada de acobertar o possível autor dos atentados em Nova Iorque e Washington. Entretanto, desde a década de oitenta os EUA vinham apoiando a ação de guerrilheiros islâmicos com o intuito de repelir a intervenção soviética iniciada em 1979 e derrotar o regime socialista instalado no Afeganistão.

Essas ambiguidades permanecem ocultas na história americana, marcada pelo mito da  luta “heróica” contra a resistência dos inimigos do “mundo livre”, antes os “comunistas”, agora os árabes. A permanente construção de vilões no imaginário popular é o resultado desse maniqueísmo que justifica a verdadeira razão dos EUA intervirem na política internacional: garantir de todas as maneiras a primazia de seus negócios sobre quaisquer outros interesses existentes.

O fenômeno do terrorismo apesar de ser o reflexo do fanatismo e da irracionalidade, não pode ser visto como um fato isolado, fora da “civilização”, mas sim uma conseqüência direta da barbárie que dissemina o ódio pelo mundo.


                                                      CAETANO PROCOPIO

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