Ingmar Bergman (1918-2007)
Estou em débito com a filmografia de Ingmar Bergman. Dos
mais de quarenta filmes que realizou, assisti apenas dois: “Fanny Alexander”, considerado
um de seus melhores e “O Ovo da Serpente”.
O segundo, menos notório que o primeiro, mas não menos interessante,
é um filme político, um libelo contra a desumanização que representou o
nazismo. A história se passa na Berlim dos anos de 1920, uma década antes de
Hitler assaltar ao poder. Com uma narrativa soturna mostra como a sociedade
alemã já se ambientava com a violência nazista antes mesmo do
“nacional-socialismo” ter se tornado a força política absoluta no país.
A Alemanha sentia os efeitos devastadores da derrota na primeira
guerra com a evidente ruina economica: dilacerada pela hiperinflação e pela
miséria, vivia um clima de terror que apesar de dissimulado pela idéia de
salvação nacional da propaganda nacional-socialista, passava a fazer parte do
cotidiano das pessoas sem que elas se dessem conta disso. O crescimento do
nazismo seria como o ovo da serpente, que mesmo antes de se abrir já revela,
dentro de sí, o monstro que estava prestes a nascer.
Um filme com a face
mais politizada de Bergman, sombria, mas lúcida. Uma pungente denúncia da bestialidade
que representou o nazi-fascismo.
CAETANO PROCOPIO