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10 de set. de 2018

O OVO DA SERPENTE


Ingmar Bergman (1918-2007)



Estou em débito com a filmografia de Ingmar Bergman. Dos mais de quarenta filmes que realizou, assisti apenas dois: “Fanny Alexander”, considerado um de seus melhores e “O Ovo da Serpente”.

O segundo, menos notório que o primeiro, mas não menos interessante, é um filme político, um libelo contra a desumanização que representou o nazismo. A história se passa na Berlim dos anos de 1920, uma década antes de Hitler assaltar ao poder. Com uma narrativa soturna mostra como a sociedade alemã já se ambientava com a violência nazista antes mesmo do “nacional-socialismo” ter se tornado a força política absoluta no país.

A Alemanha sentia os efeitos devastadores da derrota na primeira guerra com a evidente ruina economica: dilacerada pela hiperinflação e pela miséria, vivia um clima de terror que apesar de dissimulado pela idéia de salvação nacional da propaganda nacional-socialista, passava a fazer parte do cotidiano das pessoas sem que elas se dessem conta disso. O crescimento do nazismo seria como o ovo da serpente, que mesmo antes de se abrir já revela, dentro de sí, o monstro que estava prestes a nascer.

 Um filme com a face mais politizada de Bergman, sombria, mas lúcida. Uma pungente denúncia da bestialidade que representou o nazi-fascismo.


CAETANO PROCOPIO