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1 de jul. de 2025

TEMPOS MODERNOS


 

vivíamos tempos irreais, em um mundo de hipócrita normalidade

mas que agora, com as entranhas abertas, expôs sua face bestial

com epifanias de tiranos, guerras por mandatos, genocídio explícito e normalizado por diplomacias

o acirramento do discurso contrastado pelas velhas fórmulas da civilidade ilustrada, que não mais respondem aos arroubos belicistas de autocratas

apenas a radicalidade capacita a luta contra o sectarismo facínora

antídoto às bravatas de bufões que vociferam por mudanças para somente replicar o desejo por uma ordem mística e dissimuladora da realidade

porque insuportável pela sua própria incongruência, diante do esfacelamento das verdades seculares

expressão do colapso da modernidade, mascarado pela enganosa superação pós-moderna

disfarce ao individualismo, à competição imanente: vernizes que escondem as contradições de uma retórica impraticável de plenitude do mercado

de indivíduos portadores de vontades, mas que não se enxergam como parte de uma existência comum

uma humanidade que concretamente jamais se universalizou e hoje se barbariza a passos largos

a agonia de um mundo que suplica por um outro

generoso, igualitário, sensível às legítimas individualidades

a real superação da modernidade está muito além de um prefixo

o clamor por um modo de vida centrado na convivência genuína entre as pessoas


CAETANO PROCOPIO

Ilustração: CZ0

Instagram: https://www.instagram.com/ricardocruz70