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10 de set. de 2006

NOVAMENTE 11 DE SETEMBRO

Acabava de chegar em casa, quase meio dia. A TV ligada no noticiário em “edição extraordinária”. Num primeiro momento não consegui perceber o que estava acontecendo. A voz atônita do apresentador e as imagens de um edifício em chamas. Notei que era uma das torres gêmeas de Nova Iorque. A outra já estava no chão. De repente a segunda desaba. O narrador não consegue manter a placidez e aflito ecoa: “meu Deus, esta caindo!”.

As cenas dos aviões se chocando com os prédios me impressionaram profundamente. Por um instante tentei imaginar o que seria estar em Nova Iorque, ao lado daquelas pessoas desesperadas, desnorteadas com o mundo desmoronando sobre suas cabeças.

A todo momento me indagava como tudo aquilo poderia estar acontecendo. Depois das explicações, razões, justificativas, exaustivas repetições e ilações, nada, nenhuma luz ou compreensão que pudesse me satisfazer.

Comecei imaginar nossas vidas, cidades, as maravilhas do mundo moderno. Para quê? O que representa tudo isso se dia a dia nos matamos?

Só então pude perceber que quando caíram as duas torres, muito mais que o prestígio, a pujança e a soberba norte americanas, foram abaladas. Era nossa própria civilização que estava sendo soterrada nos destroços do WTC. Nosso mundo de aparências ruía, nossa felicidade insensata agora se tornava uma agonia sem fim.

E vejam só, não é que Nietzsche, mesmo perturbado pela demência progressiva, há tempos nos avisara sobre a falência das certezas seculares que insistimos perpetuar. A civilização crista-ocidental padece dos males e dilemas que ela mesma criou.

E aqui neste lamento, vivo a complacente e irreal tranqüilidade do meu convívio e, novamente, vejo passarem as imagens daquele 11 de setembro de 2.001.

CAETANO PROCOPIO

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