
“A Fuga do Soldado da Borracha” não se resume na história de José Miguel Correia. É sobretudo um relato sobre esquecidos.
O livro-reportagem escrito por Marcelo Teixeira, com a coordenação de Fernanda Franco, narra um episódio obscuro da história nacional através da trajetória de Zé Miguel.
Durante a 2ª Guerra, os estoques de borracha dos países aliados minguavam em razão das áreas de produção na Asia estarem ocupadas pelas forças do eixo. Uma das alternativas encontradas para manter o abastecimento foi explorar os seringais da região amazônica.
O governo brasileiro, imbuído no esforço de guerra, recrutou milhares de “soldados” para trabalharem na extração do látex. Em sua maioria nordestinos, abandonados à própria sorte na imensidão da floresta. Grande parte sucumbiu diante da falta de condiçoes mínimas de sobrevivencia.
Zé Miguel, um jovem alagoano que sonhava vestir a farda das forças armadas, não conseguiu se tornar militar. Assim, resolveu ser um “soldado da borracha”. Por mais de um ano viveu em meio à selva. Escapou da solidão, das armadilhas da mata, da malária e, principalmente, do descaso do governo brasileiro. A duras penas retornou à casa de seus pais aproximadamente três anos após sua partida.
Não vestiu o tão almejado uniforme, mas em sua luta pela vida travou uma batalha diária contra inimigos tão poderosos como um exército inimigo. E bravamente os venceu.
A história dos “soldados da borracha” é um episódio ignorado pela historiografia nacional. E se os autores não possuem a pretensão de realizar o resgate histórico, ao menos trazem à luz a saga destes milhares de brasileiros há seis décadas esquecidos na floresta amazônica.
CAETANO PROCOPIO
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