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11 de nov. de 2017

OS SENHORES DA GUERRA

(texto originalmente publicado em 2003)


Parece que estamos na iminência de um ataque militar “preventivo” dos EUA contra o Iraque. Se quiserem, nem precisam do parecer favorável da ONU para iniciar o conflito. As decisões do governo americano independem do aval da comunidade internacional ratificar ou não suas deliberações, afinal, fazem valer o fato de possuirem a maior força militar do planeta.

É exatamente esse o grande (e único) trunfo que os norte-americanos ainda possuem. Ninguém pode enfrenta-los na força. Se a grandeza de suas empresas está sendo desmascarada pelos escândalos das fraudes fiscais (o Presidente Bush sabe bem o que isso significa!) ainda assim, é a maior potência econômica existente e seu setor bélico, um dos principais responsáveis por esse sucesso.

Agora, estão voltando suas armas, outra vez, contra Saddam Hussein. Querem um alvo para atingir. A economia americana de tempos em tempos necessita de uma guerra para se revitalizar. O diretor do FMI, Horst Köhler, confirma a disposição dos EUA com uma naturalidade espantosa. Diz que uma breve e bem sucedida guerra contra o Iraque seria positiva para a economia mundial.

O conflito ocorrido na década passada exterminou aproximadamente 100 mil iraquianos e há mais de 10 anos a população daquele país sofre as agruras de um bloqueio infame imposto pelos EUA. O pretexto para tamanha monstruosidade é derrubar o regime ditatorial de Saddam, que no passado não tão distante, contou com a ‘boa vontade’ de seus atuais inimigos.

Não há limites para a crueldade, quando uma guerra é vista somente como um acontecimento corriqueiro, apenas mais um fato a ser observado por investidores do mercado financeiro, conforme analisa o sr. Köhler, com indefectível propriedade.

O mundo reclama por paz com o fim das animosidades entre os povos, mas esse clamor ainda é muito tênue para ser ouvido. Ele não encontra repercussão suficientemente capaz de suplantar a onipotência da tirania belicista de Bush e seus asseclas.

Sangue e ruínas são os únicos ingredientes possíveis para uma economia fantasma. A produção de mercadorias já não é mais fator para o desenvolvimento, como fora nos tempos da empresa fordista, com seu pleno emprego. No momento, a única industria capaz de salvar a economia é a da destruição. Os mortos contabilizados (ou não!) poderão ser a pedra angular que irá salvar as bolsas do colapso e assim incrementar os negócios globais que tanto preocupam o sr. Köhler. Quanto as milhares vidas em risco, isso não importa, é só objeto para estática, já que faz parte da regra do jogo desses senhores da guerra.
  
                                                                                                           CAETANO PROCOPIO

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