Total de visualizações de página

15 de jul. de 2018

UMA BREVE HISTORIA DAS COPAS


1930 – A primeira Copa do Mundo de futebol foi realizada no Uruguai. O torneio não despertou muito interesse entre os paises europeus. No total, apenas 13 participantes resolveram disputar o campeonato. A época, a seleção uruguaia, considerada a melhor do mundo - a “celeste olímpica” - fez valer o favoritismo e levou o título vencendo a Argentina na partida final.

1934/1938 – A Itália é a primeira seleção a conquistar um bi-campeonato. O primeiro título conseguiu em seu território, o segundo, em terras francesas. Destaques: os craques italianos Giuseppe Meazza (com participação fundamental nos dois títulos) e Silvio Piola em 1938, além do brasileiro Leônidas da Silva, um dos maiores jogadores do mundo naquele momento e que teve brilhante participação em 1938. Mussolini, satisfeito com o desempenho da “squadra azurra” exalta as qualidades nacionais do país através da glória esportiva. Pouco tempo depois, juntamente com Hitler, o “Duce” ajudaria promover o mais sangrento conflito da história.

1950 – Após o hiato dos anos 40, em que o mundo estava voltado para a devastação da 2ª guerra, a Copa de 50 era a esperança de um futebol brasileiro emergente aparecer para o mundo. A convincente campanha do escrete nacional só foi ofuscada pela vitória uruguaia na decisão. Em pleno Maracanã, com quase 200 mil pessoas absolutamente confiantes na vitória, uma das maiores tragédias futebolísticas da história do Esporte mais popular do país. O Uruguai consegue seu 2º título vencendo o Brasil de virada, 2x1, gols de Schiaffino e Ghiggia. Um silêncio colossal tomou conta do estádio naquela tarde de 1950.

1954 – O jornalista Roberto Muylaert  definiu a copa da Suíça como sendo a que ninguém viu. Mas este mundial mostrou um dos times mais espetaculares que já pisaram num gramado: a Hungria de Kocsis, Hidegkuti, Boszik, Czibor e Puskas. Invicta há mais de 2 anos, acabou sendo apelidada de a “sinfonia húngara”, devido ao seu futebol extremamente técnico, requintado e eficiente. Puskas, o maior jogador da época foi o verdadeiro criador da mística da camisa 10. Suas estatísticas são tão impressionantes como as do próprio Pelé. E a Alemanha, favorecida pela contusão de Puskas, surpreendentemente vira um placar desfavorável de 2x0 e sagra-se campeã no jogo final contra os megiares.

1958 – Em terras suecas o Brasil se consagra campeão. O grande futebol que despontava no início dos anos 50, finalmente dá frutos. A geração de Didi, Vavá, Garrincha e Pelé, um verdadeiro ataque de ouro, anuncia a década do esplendor do futebol brasileiro. Dois destaques: o menino Pelé com apenas 17 anos marca seis gols e desponta para o mundo. E o atacante francês Fontaine que fez 13 gols e até hoje é o jogador que mais marcou em uma única Copa.

1962 – No Chile, dois fatores contribuíram decisivamente para a conquista brasileira: a presença iluminada de Garrincha e a “malandragem” de Nilton Santos. Pelé se contundiu no segundo jogo e no seu lugar entrou Amarildo, “o Possesso”, assim apelidado por Nelson Rodrigues por causa do seu temperamento explosivo. Mas sem dúvidas Mané foi quem brilhou neste mundial. No difícil jogo em que o Brasil venceu por 2x1 a Espanha, Nilton Santos derrubou um jogador dentro da área e rapidamente deu um passo à frente. O juiz marcou falta. No cruzamento, um belo gol de bicicleta inexplicavelmente anulado. Seriam 2x0 para os espanhois. Assim ficou fácil. Brasil bi-campeão derrotando os thecos na final.

1966 – Uma campanha ridícula do Brasil. Portugal é a surpresa da competição, incluindo uma vitória que desclassificou os brasileiros. O atacante português Euzébio se consagrou como um dos maiores jogadores do mundo, mas a Inglaterra, jogando em casa barrou a meteórica trajetória lusa. Na final, ingleses e alemães disputaram o título e com a polêmica bola que não entrou, a Inglaterra entrou para o rol do seleto grupo de campeões, no legendário estádio de Wembley, em Londres.

1970 – Um time sensacional com um ataque de 5 camisas 10: Pelé do Santos, Rivelino do Corinthians, Gerson do S. Paulo, Tostão do Cruzeiro e Jairzinho do Botafogo. O resultado, uma campanha invicta e um contundente 4x1 contra a Itália na final, realizada no Estádio Azteca na cidade do México. A taça Jules Himet, definitivamente era do Brasil. Uma grande festa regada a Tequila. Mas no Brasil a alegria da vitória contrastava com os gritos de horror vindo dos porões da ditadura militar.

1974 – O futebol total apareceu para o mundo vindo da diminuta Holanda. Até então os batavos eram inexpressivos no esporte bretão. Brindados com uma geração de excelentes jogadores, comandada pelo brilhante Cruyff, a seleção laranja, também conhecida como carrossel pela forma extremamente organizada como os jogadores se comportavam em campo, encantou e espantou o mundo. Mas novamente os alemães surgiram no caminho dos favoritos, como em 1954. Entretanto, justiça seja feita, a seleção de Beckembauer produziu a melhor geração de jogadores alemães. Na partida final em Munique eles derrotaram os holandeses e a copa de 74 acabou ficando mesmo na Alemanha. Nesse torneio, um atacante atarracado marcou 4 gols e somados aos 10 que havia deixado no México, era, até 2006, o maior goleador em mundiais: o alemão Gerd Muller.

1978 – As luzes se fecharam na Argentina. A ditadura, o terror e para acalmar os ânimos e desviar os olhos da realidade atroz, nada melhor que o futebol. A copa de 78 aconteceu em meio a uma das mais cruéis ditaduras da América Latina. A seleção brasileira terminou a competição invicta. Os campeões morais de Coutinho. Uma “marmelada” peruana permitiu que os argentinos vencessem o jogo contra o Peru por uma diferença de gols que acabou classificando os anfitriões para a finalíssima. A Argentina bateu a Holanda na prorrogação e finalmente sagrava-se campeã em casa. A ditadura agradeceu.

1982 – Em 1982 na Espanha, não havia favorito maior que o Brasil. A seleção de Zico, Sócrates, Falcão, Éder e Serginho era cotada como franca ganhadora do título. Os brasileiros chegaram bem à 2ª fase e já no primeiro jogo ganharam dos argentinos. Depois viria a Itália, esperar o adversário das semifinais e, provavelmente, enfrentar o bom time francês na decisão. Mas no meio do caminho surgiu um tal Paulo Rossi. 3 gols e a decepção no estádio Sarriá em Barcelona: o Brasil estava fora! Lembro perfeitamente daquele dia! Jamais vi as ruas de S. Paulo tão vazias como naquela tarde de julho. Muitos acreditam que essa partida traumatizou de tal forma o futebol brasileiro que desde então começou abdicar de sua tradição de espetáculo. A Itália, que iniciou titubeante, se firmou durante a competição e depois de 44 anos voltou a conquistar uma Copa do Mundo derrotando os alemães por 3x1 na partida final.

1986 – O México sediou novamente um mundial. Nesse ano o título da Argentina, conquistado frente aos alemães na finalíssima, teve um só dono: Diego Armando Maradona. Contra a Inglaterra nas quartas de final, marcou um gol com a “mão de Deus” e um outro com a dádiva de sua perna esquerda: uma epopéia que nasceu no campo de defesa argentino e terminou nas redes inglesas. 16 anos depois dos Deuses astecas terem reverenciado a majestade de Pelé, eles novamente tiveram que se curvar diante da magnitude do futebol de Maradona.

1990/1994 – Duas copas que não valeram uma! Em 1990, na Itália, a Alemanha foi campeã vencendo a Argentina na final com um mísero gol de pênalti. Em 1994 nos EUA, o Brasil não consegue marcar um gol sequer na final contra uma Itália destruída fisicamente. Resultado, pela primeira vez uma copa acaba sendo decidida em penalidades. Foi a consagração definitiva da mediocridade com o famigerado futebol de resultados.

1998 – Em 1998 na França, os donos da casa nos deram um pequeno alento. Se não foi um time brilhante pelo menos buscou o ataque. O Brasil, absolutamente atordoado com o “enigma” Ronaldinho foi presa fácil na final. Zidane conduziu os “azuis” à consagração definitiva que as gerações de Fontaine e Platini deixaram escapar.

2002 - É penta!!! Gritou Galvão Bueno. Só ele gritou. O monopólio global nas transmissões não deu voz a mais ninguém. As favoritas Argentina e França voltaram mais cedo pra casa e o Brasil que chegou ao mundial do Japão/Coréia desacreditado ganhou da Alemanha (também desacreditada) na final. O destaque brasileiro foi Ronaldo, 8 gols, igualando-se a Pelé em jogos de Copas do Mundo: 12 no total. E toda a soberba do goleiro alemão Khann se foi naquele chute do Rivaldo que resultou no primeiro gol. Assisti a um ou outro jogo. O horário era só pra japonês ver! Como disse um amigo, “copa sem copo não tem graça”. De fato, e ainda com sono (...) não dá! Além de Ronaldo, destaque (negativo) para os árbitros que decidiram algumas partidas e, escandalosamente, tiraram Espanha e Itália da competição em prol de um dos anfitriões.

         2006 – O Brasil é considerado o maior favorito para a conquista da Copa da Alemanha. Chegou ao mundial com uma seleção tão badalada como o grande time de 1982. A certeza da glória estava centrada no suposto “quadrado mágico” composto por Kaka, Ronaldos e Adriano. Mas a ilusão que começou a ser desfeita logo no primeiro jogo contra a Croácia se transformou num pesadelo na partida contra a França. Zidane mostrou quem é de fato o melhor do mundo, humilhando os brasileiros de forma acachapante. Infelizmente o craque francês perdeu a cabeça ao agredir o zagueiro italiano Materazzi e acabou expulso no jogo final contra a Itália. E esta, praticando o mesmo futebol de resultados que levou os brasileiros ao tetra em 94, chegou ao seu, também nas cobranças de pênaltis. Enfim, com 3 gols anotados, Ronaldo conseguiu ultrapassar Gerd Muller tornando-se o maior goleador em copas atingindo a marca dos 15.

2010 - A primeira copa em solo africano teve como campeã, pela primeira vez, a Espanha derrotando a Holanda na prorrogação, por 1x0. Um time com bom toque de bola, mas pouca efetividade no ataque (8 gols em 7 jogos). O time argentino, após campanha ruim nas eliminatórias, começou bem a copa. Tentou buscar o ataque, mas foi arrasado pela Alemanha nas quartas de final (4x0). Messi não emplacou. A Alemanha, com um time de garotos até jogou como se fosse uma seleção sul americana, só que acabou derrotada pela Espanha e terminou mesmo em terceiro lugar. Já o Uruguai, depois de décadas conseguiu chegar às semi-finais e, de certa forma, ressuscitou o combalido futebol uruguaio. Por pouco Ronaldo não foi superado por Klose que chegou aos 14 gols. O atacante alemão foi expulso na primeira fase, sofreu contusões e sem jogar todas as partidas, não ultrapassou o brasileiro. E o Brasil, com um futebol medíocre que o vem caracterizando nas últimas décadas, só conseguiu chegar até as quartas de finais, eliminado pela equipe holandesa.

2014 – Após 64 anos, novamente uma copa do mundo no Brasil. O sonho de uma nova final que pudesse apagar a tragédia de 1950 contra o Uruguai transformou-se num pesadelo ainda mais amargo. A seleção foi humilhada pela Alemanha nas semifinais (7x1)  e sepultada pela Holanda na disputa pelo 3º lugar: 3x0 para os batavos! O futebol de resultados que desde a década de 90 gerou 2 títulos mundiais agora produziu a maior vergonha da história da seleção brasileira. A Alemanha, mesmo tendo seus altos e baixos na competição, foi a seleção que mostrou o time mais equilibrado e suplantou a Argentina na prorrogação por 1x0 (gol do jovem armador Mário Götze), no difícil jogo final em que os vizinhos estiveram próximos de ganhar. Messi novamente não conseguiu decidir e deixou a oportunidade de se consagrar definitivamente como um dos maiores jogadores da história. O atacante alemão Klose ultrapassou Ronaldo e com os dois gols marcados no torneio se tornou o maior goleador da historia das copas com 16.

2018 - Em meio às instabilidades no cenário político internacional, a Copa do Mundo chegou ao solo russo. A Alemanha tida como grande favorita decepcionou e surpreendentemente foi eliminada na primeira fase. Brasil, outro favorito conseguiu chegar até as quartas de final. Mas bastou a seleção enfrentar o primeiro adversário de peso desde que Tite assumiu o comando para mostrar suas fragilidades: Bélgica 2x1! Neymar mais chamou atenção pelo comportamento do que pelo futebol apresentado: decepcionante! Cristiano Ronaldo e Messi não conseguiram decidir e também deixaram a Copa do Mundo mais cedo. Enfim, o time mais equilibrado conseguiu êxito! A França com uma legião estrangeira de descendentes de imigrantes conseguiu o 2º Título, sagrando-se campeã contra uma inusitada e combativa Croácia na final: 4x2. Uma copa do mundo na qual a disputa por espaços foi incessante e os gols de bola parada acabaram sendo decisivos. Outra particularidade, a definitiva supremacia europeia sobre as seleções da América do Sul. Sem mais, essa breve história das copas se encerra aqui. E o futebol (...) virou história!


                                                                  CAETANO PROCOPIO

Nenhum comentário: