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19 de jul. de 2024

TEMPO OPACO


Vidas que se foram

Vida sem parâmetro

O tempo perdeu o sentido

Treze anos parecem meses

Três anos parecem semanas

Dias que se consomem, imperceptíveis

Em um mundo bárbaro e inabalável

Onde incautos transitam pelas ruas, pelas redes

Regozijam-se na realidade que rui

Entorpecidos, sem se darem conta do trágico existencial

De fantasias obsoletas e de “verdades” irrealizáveis

Crédulas no facínora que vocifera a salvação

Ou no discurso palatável do enganador

Ignoram o ovo da serpente

A rotina, cada vez mais obscura, é a constatação do tempo que deixou de existir

Dos dias passados, em que pesem, inebriados

De seus léxicos insustentáveis e de ilusões desfeitas pela dor cotidiana

O futuro já presente é um destino insólito

                                                                      CAETANO PROCOPIO

Ilustração CZ0

https://www.instagram.com/ricardocruz70/