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6 de nov. de 2006

A MORTE DE ALFREDO


O pequeno Totó não se desgrudava de Alfredo. Vivia o tempo todo atrás do velho projetista do Cinema Paradiso. De tanto acompanhá-lo acabou aprendendo o ofício. Não fosse isso, a pacata cidadezinha de Giancaldo na Sicília estaria privada de sua principal diversão. Alfredo ficou cego num incêndio que destruiu o Cinema e como não havia mais alguém capaz de manusear o projetor, terminou por substituí-lo. E por muito tempo.

Mas o menino cresceu e um dia é chegado o momento da partida, quando o lugar onde surgimos já não mais acomoda nossos sonhos. Seguindo o conselho do amigo que tanto lhe ensinou, foi-se embora para ganhar o mundo e deixar de vez aquele lugar esquecido. Muitos anos se passaram desde a sua partida. Jamais voltou. Adquiriu fama, tornou-se um rico e famoso cineasta na capital.

Certa noite, uma bela mulher que o acompanhava no leito, atende ao telefone. A notícia de que Alfredo havia falecido. A partir daí, toda uma história ressurge como se fossem as velhas imagens do projetor. Não mais Totó, mas agora, o renomado cineasta Salvatore Di Vita está de volta a Giancaldo. Lá se depara com as lembranças de um passado remoto. Acossado por tantas recordações assiste a demolição das ruínas do antigo cinema. Descobre que uma parte importante do seu espírito havia permanecido naquele pedaço da Sicília. Foi onde viveu alegrias, tristezas e descobertas: conheceu o amor, a amizade. Num dia longínquo decidiu abandoná-lo. Desde então, nunca mais experimentou tais sensações.

A morte de Alfredo fez despertar esses sentimentos perdidos e lhe revelou o enorme vazio em que se transformaram seus dias. A notoriedade trouxe a riqueza, o reconhecimento, porém, roubou-lhe todas aquelas emoções que um dia fizeram seu espírito pulsar.

De Giancaldo restou somente essa saudade incontida, um doce idílio na memória.

CAETANO PROCOPIO

2 comentários:

Anônimo disse...

Cinema Paradiso, uma declaração de amor não só ao cinema (como é comum escutarmos), mas também à vida e toda a forma de paixão.
Um filme acima de tudo humano e verdadeiro, que até no fim consegue nos surpreender e nos dar um presente: a seqüência de beijos censurados pelo padre, que com certeza, todos morrem de curiosidade de ver.

Anônimo disse...

“Cinema Paradiso”, uma declaração de amor não só ao cinema (como é comum escutarmos), mas também à vida e toda a forma de paixão.
Um filme acima de tudo humano e verdadeiro, que até no fim consegue nos surpreender e nos dar um presente: a seqüência de beijos censurados pelo padre, que com certeza, todos morrem de curiosidade de ver.
(Melinda)