O que falar da combinação Alfred Hitchcock-Bernard Herrmann? As trilhas sonoras de “Psicose” e “Um corpo que cai” espelham de tal forma o ambiente sinistro dos filmes que não sei ao certo o que provoca maior espanto, a cena ou o som. Martin Scorsese foi outro diretor que soube aproveitar o talento de Herrmann. O compositor preferido de Hitchcock compôs a música tema do atormentado “Táxi Driver”.
E se o assunto são parcerias, também merece referência a união muito bem sucedida de Coppola e Nino Rota (este, grande parceiro de Fellini) na trilogia do Poderoso Chefão. A saga da família Corleone ambientada como uma epopéia com grandioso fundo musical. Coppola não precisou associar-se para realizar a trilha Sonora de “Apocalipse Now”, mas o repertório condiz com a tetricidade das cenas de um Vietnã surreal.Em ‘2001, uma odisséia no Espaço”, Stanley Kubrick dá a exata noção do que a simbiose cena-música pode proporcionar. As composições “Assim falou Zaratustra” e “Danúbio Azul” acompanham, respectivamente, dois momentos culminantes do filme: no primeiro, a fabulosa cena do nosso ancestral primitivo destruindo uma pilha de ossos ao som da sinfonia de Richard Strauss; no segundo, o balé espacial sincronizado com a suavidade da valsa de Johann Strauss. Já em “Laranja Mecânica”, Kubrick escancara a perversidade e a contradição humanas ao coligir a violência mórbida do personagem vivido por Malcoln Mc Dowell, à virtuosidade estética do musical “Cantando na Chuva”, numa cena ainda chocante para o ano de 1971, em que Dowell espanca uma mulher na frente do marido enquanto cantarola e dança “I singin’ in the rain”.
Enfim, esta lista, longe de ser exaustiva, é só uma pequena amostra da riqueza musical de algumas das mais importantes obras do cinema. Muitas que não estiveram aqui mencionadas certamente mereceriam destaque, entretanto, a falta de repertório e a memória limitada não me permitiram tal intento. Esta tarefa também poderia se tornar cansativa demais ao leitor caso minha disposição (ou dedicação) fosse maior.
E não percamos mais tempo. A próxima sessão pode estar prestes a começar (...).
CAETANO PROCOPIO
publicado originalmente no site CINE TOTAL
http://www.cinetotal.com.br/critica.php?cod=57
