
Para Kubrick, saber e poder nascem juntos no homem, são faces de uma mesma relação dialética que explica a dominação. O osso arremessado aos céus se transforma numa nave espacial. Só o tempo os separa. Se aquele primeiro artefato humano possibilitou o nosso ancestral matar um dos seus, essa a razão que também irá justificar o vôo da espaçonave. A História possui um único condão que se resume numa perpétua tentativa de se subjugar o semelhante.
Isso explica porque o computador HAL-9000 para tomar o controle da missão a Júpiter tenta eliminar todos os tripulantes: uma máquina que consegue reproduzir as emoções humanas, por fim, acaba assimilando suas intenções. A retomada da missão só foi possível quando o último integrante humano elimina o membro eletrônico promovendo uma reconquista civilizatória.
A chegada do único sobrevivente ao seu destino leva o homem não aos confins do universo, mas talvez a si mesmo, numa possibilidade da redescoberta daquilo que o originou a 4,5 milhões de anos. Em 2001 Kubrick transforma a ficção científica numa legítima odisséia humana.
CAETANO PROCOPIO
publicado originalmente no site CINE TOTAL
http://www.cinetotal.com.br/critica.php?cod=80
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