Dentro do estruturalismo de cada um, as palavras ecoam seus sentidos diversos, onde todo discurso tenta compor uma parte da história.São verdades atemporais que envenenam, manipulam e transformam os indivíduos.
Somos assombrados pelo fantasma da idéia mentirosa da democracia. Ainda acreditamos que nesse quadro não somos apenas meros espectadores, e sim, protagonistas em horário nobre.
Por conseguinte, criam-se verdadeiros revolucionários de campanha eleitoral, todos prontos e armados com seus argumentos e o orgulho momentâneo de ser um “cidadão consciente”.
Infelizmente, esses, após as eleições, voltam à tranqüilidade do discurso conservador, mesmo tendo expressado idéias eleitorais, que são dignas de comparação ao fanatismo religioso.
Dessa forma, mantemos a combinação atual de duas estruturas inseparáveis uma à outra, a força produtiva (a subjugada) que trabalha toda a vida, sem causa, e que mantém uma minoria dominante. Daí chegamos aos seguintes números: pouco mais de 200 pessoas, em um mundo com mais de 6 bilhões, detém de 45% de todo o dinheiro que existe.
Mas, mesmo nessa lástima, o escapulário traz a fé e, de tempos em tempos, esperamos uma mudança vinda de um messias na terra. Um ser iluminado que vai transformar toda a realidade para assistirmos, na comodidade do lar, o mundo perfeito exibido pela TV.
E assim, elegemos nossos “representantes”, delegando a eles as responsabilidades que cabem somente a nós. E no entanto, as promessas, que por anos e anos são as mesmas, e que na verdade são apenas direitos básicos de todos, saúde, educação, moradia etc, se transformam em comédia diária. A única reação que tenho quando vejo alguma propaganda política é o riso. Chega desses discursos lugar-comum, basta!
Não há como haver uma mudança substancial onde a relação da produção capitalista transforma cada vez mais a maioria da população em miseráveis. Não adianta escolher o “menos pior”. A que ponto chegamos?? Eu não quero ser representado dessa forma. Tenho o direito de escolher ou não. Afinal, esse não é o cerne da democracia?
Temos que nos educar por meio da liberdade. Se não consigo encontrar um candidato capaz de mudanças, tenho o direito de não escolher. Isso não me tira a responsabilidade e nem me abstém de coisa alguma, pelo contrário, contribui ainda mais para minha autonomia, onde a maior conseqüência recai sobre a solidariedade. Todos nós temos o poder da mudança social. Não podemos acreditar que uma eleição seja realmente a solução para os problemas sociais. E é isso que acontece. Existem outras formas de pensar o mundo. O mundo não se resume a ditaduras ou democracia. Pensarmos somente nessas duas formas como opção é obscurantismo.
Ver o país nesse estágio deprimente de injustiças me faz por em dúvida nossa capacidade de discernimento. E, já que não sabemos o que é melhor para nós mesmos, voltamos ao estado primitivo da consciência. Isso faz nascer as “raposas do poder”. Nós os criamos com o voto.
Compactuo com a fala de Errico Malatesta, onde ele diz que não incide no basismo segundo o qual “as massas têm sempre razão” ou “a voz do povo é a voz de deus”. Faz-se necessário, como objetivo, lutar para que as pessoas se libertem e consigam ver a luz ao invés de somente sombras.
Por isso, não vou votar em ninguém porque não me reconheço nesses pseudo- representantes do povo. Tenho esse direito e ninguém poderá julgá-lo com frases de efeito e nem me acusar de não ser cidadão, pois, como diz Deleuze: “a vida ativa o pensamento e o pensamento, por seu lado, afirma a vida”. E eu procuro afirmar a vida de acordo com as minhas responsabilidades, não delegando a ninguém o direito de escolher o que é melhor para a minha vida.
VANDERSON PIRES
Um comentário:
Eh isso ae cara!!!
Ótimo texto!!
Temos q unir forças ae para acabar com essa palhaçada!!!
Da uma sacada nas minhas coisas ae tb!!!
Abraço
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