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1 de out. de 2006

O PT E BOBBIO

Em janeiro de 2.004 Aloísio Mercadante discursou da Tribuna do Plenário do Senado reverenciando Norberto Bobbio em razão da sua morte.

Creio que o líder petista não teria o mesmo ímpeto se o ilustre pensador italiano tivesse falecido há uns 20 anos. Não que ele desmerecesse as homenagens, mas digamos que elas seriam vistas com desconfiança por um partido que naquela época ainda vicejava a idéia de aprofundar a luta de classes no Brasil. Só que os velhos tempos de oposição já não existem mais. Agora o PT-situação dissipou seus matizes. Recolheu bandeiras históricas, arrefeceu o discurso e desfigurou a postura incorporando práticas que durante sua existência repeliu com vigor. A reverência de Mercadante a Bobbio, que seria até natural se vinda de algum pontífice tucano, por exemplo, não causa espanto em mais ninguém.

A dimensão do viés petista está explícita na própria crise aberta com o PSDB. O governo ainda insiste na crítica enfadonha à “herança maldita” que, na prática, continua mais viva do que nunca. A oposição tucana cobra mudanças políticas que jamais promoveu enquanto situação. O PT tentou desesperadamente livrar seu governo das investigações parlamentares. Justamente o partido que até pouco tempo defendeu a criação de inúmeras CPI(s). O PSDB busca de todas as formas instalar CPI(s) para investigar a administração petista. O mesmo partido que sempre se opôs à formação de Comissões Parlamentares durante os 8 anos de governo FHC.

Francisco de Oliveira definiu muito bem o real sentido dessa troca de farpas, como sendo uma disputa entre dois irmãos que se odeiam. PT e PSDB agem como se fossem adversários, mas, no fundo, são muito parecidos, tanto nas concepções, quanto nas ações (e omissões).

O PT original não se valia de Bobbio como faz o atual. Mas não foi Bobbio quem precisou renunciar ao passado.

CAETANO PROCOPIO

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