Eu
quero o ócio! Mas não estou aqui pra fazer apologia da preguiça mórbida nem
mesmo tentando justificá-lo através de uma óptica hedonista da mera expetativa do
prazer. Explico melhor: o cotidiano do homem moderno é centrado nas relações de
trabalho. Trabalhamos pra obtermos meios de prover nosso conforto individual e
familiar. Mas com isso nos refugiamos e nos alienamos na vida privada e no
próprio trabalho.
Nas
últimas décadas experimentamos um fantástico desenvolvimento tecnológico. E se
de fato o progresso representasse uma força libertadora das capacidades
humanas, conforme acreditavam os filósofos iluministas, hoje teríamos um nível
de vida muito melhor e não necessitaríamos mais nos dedicar ao trabalho de
forma quase que integral. Entretanto, a realidade de mercado impossibilita a
expansão das relações de trabalho, uma vez que os custos de produção impendem
que novos postos sejam criados. Imaginem, com o pleno emprego não seria preciso
nos entregarmos ao labor tantas horas a fio. Uma nova divisão internacional das
tarefas se mostraria presente de forma que todos poderiam contribuir com menos
tempo de dedicação de cada um.
O
sociólogo alemão Robert Kurz afirma que essa nova perspectiva do trabalho
possibilitaria a auto-administração. As pessoas não mais precisariam de
administradores (políticos), uma vez que teriam tempo suficiente para realizarem
esta tarefa.
É sob
esta perpectiva que defendo o ócio: uma possibilidade de dispormos nosso tempo
mais livremente. Entretanto, enquanto existir o mundo de relações definidas
pelo mercado, isso não passará de ilusão (...)
CAETANO PROCOPIO
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