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18 de set. de 2007

O SOCIALISMO MORREU?

"O marxismo está muito jovem, quase na infância: mal começou a se desenvolver. Ele permanece, pois a filosofia do nosso tempo é insuperável, porque as circunstâncias que o engendram não foram superadas." (J. P. Sartre)



Em novembro de 1917 (outubro no calendário russo) nascia o primeiro estado socialista da história. Oito décadas mais tarde, o socialismo ruiu com a dissolução da União Soviética. Surgem aí algumas especulações. Marx falhou? O socialismo não passa de uma utopia? Chegamos ao final da história?

Se pensarmos o movimento revolucionário dos trabalhadores levando em conta apenas os seus resultados práticos, as respostas serão afirmativas. Mas estas conclusões seriam simplistas demais. Primeiro é preciso compreender que a experiência socialista no Século XX acabou sendo fruto de sérias distorções da obra de Marx.

A complexidade da teoria marxiana foi convertida, por grande parte de seus intérpretes, numa doutrina fechada. Ao contrário, ela deve ser vista como uma crítica da sociedade burguesa. Do modo como aconteceu, o legado de Marx acabou aprisionado por uma camisa de força que o transformou em um dogma inquestionável, principalmente quando consideramos o papel desempenhado pelas II e III internacionais. O marxismo é uma receita que necessita de complemento. Talvez esse tenha sido o grande equívoco dos socialistas (ou pelo menos da maioria) que o viram como uma cartilha a ser fielmente seguida.

Os Estados formados a partir das revoluções proletárias progressivamente se fecharam em regimes burocráticos e totalitários, que tinham como único propósito rivalizar com o mundo capitalista, muito distantes da concepção socialista de sociedade que prega a superação do capitalismo pelas próprias contradições deste. Nesse ponto, a influência exercida pelo stalinismo no movimento revolucionário internacional afastou por completo qualquer vínculo com o marxismo. O socialismo não é algo a ser imposto, mas, sim, uma aspiração comum.

Agora, a velha indagação de Lenin fica no ar: o que fazer? Bem, só a história poderá nos dar a resposta. Mas àqueles que até então resistiram às armadilhas dos acontecimentos, cabe a difícil tarefa de iniciar a reconstrução deste edifício em ruínas.

A filósofa e professora universitária, Marilena Chauí, numa entrevista à revista "Caros Amigos", declarou que o fim dos regimes do leste europeu foi, para ela, um alívio. Para nós, também!


CAETANO PROCOPIO

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