Nunca fui muito conformado com as coisas.
Claro que ja levei isto a extremos, apenas pra exercitar o capricho de contrariar.
Antes mesmo de gostar de futebol eu dizia ser corinthiano, mas sem qualquer convicção (ou paixão, se preferirem).
E acreditem, virei palmeirense só porque todos colegas do pré-primário eram corinthianos (e claro porque naquela época o Corinthians ainda amargava a fila de mais de 20 anos sem títulos).
Não é que no ano seguinte veio o famoso título paulista e o Palmeiras foi quem amargou mais de 16 anos na fila.
Tudo bem, não tenho supertições e a paixão ficou.
Mas naquele ano de 1976 talvez eu tenha cometido o meu primeiro ato de rebeldia.
Não sei se ele poderia ser assim considerado porque foi inconsciente.
No dia de minha formatura da pré-escola, vestia uma beca bege.
Estava sentado com os demais formandos, todos perfilados no auditório (vejam só ... do Clube Corintians de Araçatuba!) aguardando a entrega do diploma, que seria realizada ... pelo Prefeito da Cidade!
Apesar de toda preparação para o evento, não havia como seguir um protocolo absolutamente rigoroso com dezenas de crianças presentes.
Mas fui muito além ...
Durante a cerimônia comecei a sentir contraçoes na bexiga.
Depois de alguns minutos resistindo, estava prestes a explodir.
Só que o constrangimento por deixar meu assento no meio da cerimônia foi maior.
E o pior aconteceu, acabei urinando ali mesmo, sentado na cadeira, no meio do auditório!
O unico registro deste feito era uma foto em preto e branco tirada no momento em que eu recebia o “canudo” do Excelentíssimo Prefeito ... com a roupa manchada de urina!
Não fosse pela vergonha de não ceder à fisiologia, teria sido um ato extremamente contestador!
Diria algum teórico: “já era um marxista na infância!”
E eu nem saberia disto (...)
CAETANO PROCOPIO
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25 de fev. de 2008
13 de fev. de 2008
ECOS DA INFÂNCIA
Quando Elvis faleceu eu tinha 7 anos de idade.
Não conseguia compreender como ele poderia ter morrido, afinal, tratava-se apenas de um personagem da TV.
Não era de verdade!
Alguns meses depois, naquele mesmo ano de 1977, no dia de natal, Chaplin também partia.
A manchete no jornal da manhã seguinte, com uma foto do vagabundo, ilustrava: “Morre Carlitos”.
Havia acabado de concluir a primeira série primária e a leitura, por mais singela que fosse, ainda me parecia uma tarefa herculana, afinal, de insipiente tornei-me incipiente.
Consegui ler a notícia.
E novamente a indagação. Morreu? Mas ele não era de mentira?
Hoje, certamente qualquer criança de 7 anos debocharia da minha dúvida.
Porque a infância não é mais o tempo da ingenuidade.
Mas um curto ensaio pra apreendermos uma tristeza que nunca mais irá passar.
CAETANO PROCOPIO
Não conseguia compreender como ele poderia ter morrido, afinal, tratava-se apenas de um personagem da TV.
Não era de verdade!
Alguns meses depois, naquele mesmo ano de 1977, no dia de natal, Chaplin também partia.
A manchete no jornal da manhã seguinte, com uma foto do vagabundo, ilustrava: “Morre Carlitos”.
Havia acabado de concluir a primeira série primária e a leitura, por mais singela que fosse, ainda me parecia uma tarefa herculana, afinal, de insipiente tornei-me incipiente.
Consegui ler a notícia.
E novamente a indagação. Morreu? Mas ele não era de mentira?
Hoje, certamente qualquer criança de 7 anos debocharia da minha dúvida.
Porque a infância não é mais o tempo da ingenuidade.
Mas um curto ensaio pra apreendermos uma tristeza que nunca mais irá passar.
CAETANO PROCOPIO
7 de fev. de 2008
MENINOS DO FAROL
As crianças em São Paulo aprendem a fazer arte no farol para sobreviver.
São os malabaristas sem circo, sem palco, sem mico.
Os diretores são exigentes. Pai, mãe, avós ou qualquer pessoa que seja maior e mais forte pode dirigir o espetáculo.
Pés descalços, asfalto quente.
Diz a gente grande do carro: não dou dinheiro.
Fecha os vidros, buzina e acelera.
É um meio de vida no meio da vida.
Mas a cidade ainda parece ser de todos.
Até quando a tecnologia vai deixá-los ganhar centavos no farol?
Em uma cidade que a cada segundo, dez compras são efetuadas por meio de cartões de crédito ou débito.
Será que a substituição do dinheiro pelos cartões vai acabar com a mendicância? E os cartões dos palhaços sem talento de Brasília?
Os artistas do farol ainda sorriem com os teletubbies...
Na cidade dos 30 mil milionários, vamos continuar a discutir a ética inventada pelo homem.
Pois, não há mais como pescar. Porque os peixes estão nos congeladores. Comprados por centavos e vendidos com cartões.
E os meninos do farol, não tem rio, nem peixe, nem anzol...
VANDERSON PIRES
São os malabaristas sem circo, sem palco, sem mico.
Os diretores são exigentes. Pai, mãe, avós ou qualquer pessoa que seja maior e mais forte pode dirigir o espetáculo.
Pés descalços, asfalto quente.
Diz a gente grande do carro: não dou dinheiro.
Fecha os vidros, buzina e acelera.
É um meio de vida no meio da vida.
Mas a cidade ainda parece ser de todos.
Até quando a tecnologia vai deixá-los ganhar centavos no farol?
Em uma cidade que a cada segundo, dez compras são efetuadas por meio de cartões de crédito ou débito.
Será que a substituição do dinheiro pelos cartões vai acabar com a mendicância? E os cartões dos palhaços sem talento de Brasília?
Os artistas do farol ainda sorriem com os teletubbies...
Na cidade dos 30 mil milionários, vamos continuar a discutir a ética inventada pelo homem.
Pois, não há mais como pescar. Porque os peixes estão nos congeladores. Comprados por centavos e vendidos com cartões.
E os meninos do farol, não tem rio, nem peixe, nem anzol...
VANDERSON PIRES
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