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19 de mar. de 2008

TENSÃO NAS TERRAS DE BOLIVAR

O que foi a crise diplomática que atingiu Colombia, Equador e Venezuela? A Colômbia acusou o Equador de dar cobertura às FARCs. E com este pretexto decidiu promover uma operação militar no território equatoriano.

Uribe trata a guerrilha como sendo terrorista (inclusive acusa a Venezuela de financiar o grupo guerrilheiro). Correa e Chavez a chamam de revolucionária. Os dois últimos são aliados políticos e dissidentes da política norte-america. O primeiro, ligado aos Estados Unidos.

A trajetória das FARCs adquiriu um perfil muito parecido ao de outras guerrilhas que conseguiram tomar o poder. Normalmente a violência justificada durante o assalto revolucionário perpassa o período de convulsão e acaba se consolidando como um “modus faciendi”.

Quatro décadas depois de surgir, da mesma forma que as revoluções socialistas apodreceram, as FARCs perderam sua essencia transformadora tornando-se sombra de experiências “revolucionárias” passadas que se valeram apenas do terror. Dificil não imaginar um hipotético controle do poder como algo semelhante ao que foi, por exemplo, o Khmer Vermelho no Cambodja.

Mas com relação ao mal estar entre os 3 países. Apesar da diplomacia ter “esfriado os ânimos” de Equador e Colômbia, por trás do incidente, há uma relação de poder muito mais vigorosa: de um lado os Estado Unidos e sua posição de hegemonia, do outro, a figura incendiária de Hugo Chavez autoproclamando-se o “libertador” da América Latina e difusor das idéias do “socialismo bolivariano”.

Claro que pensar na possibilidade de uma América Latina soberana é algo tentador. Mas não basta resgatar o significado da luta “libertadora” de Simon Bolivar. É preciso ir além e encontrar uma verdadeira identidade latino-americana na vontade comum de seus povos. Sem a batuta de qualquer líder ou pontífice para conduzí-la, do contrário, correremos o risco de reescrever as mesmas páginas do passado.

CAETANO PROCOPIO

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