Caro amigo:
Não me entenda mal. Não vivo sob o signo do pessimismo, nem o tenho como conduta. Quando brinquei sobre o mau humor, quis apenas dizer que esse conceito muito em voga de viver e agir de forma "positiva" não passa de um apelo ao pragmatismo barato. Além disso, é uma maneira egoísta e mesquinha de pensar a realidade, como se apenas nossas pequenas misérias valessem ajuda. O mundo como está não cabe esse otimismo, ou você concebe uma felicidade somente a você e seus pares? Se for assim, desculpe-me meu caro, mas essa conversa não possui significado algum.
Entendo que devemos buscar um sentido para viver, entretanto, achar que a felicidade será encontrada só através do "autoconvencimento" e do "autoconhecimento", sem refletirmos sobre o que está a nossa volta é ilusão.No fim das contas ser otimista ou pessimista é a mesma coisa. Ambos vivem num universo irreal em que o grau de alienação irá determinar uma ou outra situação. Tanto um quanto outro podem mudar de lado a qualquer momento, estão ao sabor das circunstâncias sem, contudo, compreendê-las. A consciência do mundo não cabe eufemismos, vivemos em plena barbárie, porém, acreditamos estar no esplendor da civilização com nossa cultura “high-tec”. O otimismo receituado por esses oportunistas que prometem uma vida equilibrada e sadia é tão descabido como o discurso daqueles ecologistas que defendem a proteção do meio ambiente sem questionar a lógica destruidora da sociedade de consumo (ou que no máximo buscam mecanismos que disciplinem a volúpia consumista). Do que adianta bradar contra a poluição do ar ou das águas ou vociferar contra a destruição das matas e da vida selvagem quando a própria cultura "moderna" além de dizimar os recursos naturais, não sabe o que fazer com o lixo que produz. De certa forma, aceitar uma solução parcial e conciliatória para nossos problemas é dar razão a um individualismo odioso que nos ensina a buscar o sucesso pessoal a todo custo, sem que para isso nos atentemos para os lados e vejamos os miseráveis se amontoarem famintos defronte nossas portas. Portanto, aquilo que lhe falei nada tem a ver com baixo astral ou coisas do tipo, é só uma recusa ao conformismo.
Desculpe-me pela divagação e se roubei seu tempo!
Um abraço,
Do amigo.
CAETANO PROCOPIO
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