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13 de ago. de 2007

ESPELHO E OLHARES

O tempo. Ele clamou pelo tempo. Quando seus pensamentos eram pregos enferrujados, cravados em sua mente. Estava deitado e ao seu lado Ela dormia. Fitou-a com ternura, acordou-a e pediu para que segurasse a sua mão. Ela pensou em questionar seus pensamentos. Mas percebeu que de nada adiantaria perguntar-lhe algo. Apenas o observou e sorriu. De súbito deu um salto da cama e foi até o espelho. Colocou as mãos na cintura e como uma menina de cinco anos perguntou: você me acha bonita? Nesse momento seus pensamentos clarearam como um relâmpago. Seus olhos a seguiam levemente. Com calma levantou e ficou ao seu lado em frente ao espelho. "Eu posso ver a tua alma", disse Ele. E continuou a olhá-la. E ela é bonita? Mais uma vez o silêncio e a observação pairavam sem julgamentos. Ele a tocou no rosto. Escorregou seus dedos levemente até seus seios. Percebeu que sua pele arrepiou-se. "Você é capaz de me ver além da imagem no espelho?", disse Ele.
Ela, sem hesitar, respondeu que sim. Instintivamente suas mãos entrelaçaram-se. Naquele momento pouco importavam as respostas. Voltaram para a cama, sem pressa. Um olhar em frente ao outro. Como um espelho refletindo sua própria imagem. O tempo não tinha mais importância. Apenas o cheiro, o toque, o beijo, os lábios úmidos, o calor dos corpos...o encaixe natural. O cansaço e a leveza da alma. O desejo renovado. Era uma noite de domingo...

VANDERSON PIRES

Um comentário:

Anônimo disse...

tão doce esse texto...
Parabens!