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22 de ago. de 2007

SONHOS

Estava deitado, sonolento. Ouvi algo. Um ruído que vinha da minha janela. Levantei. Pés descalços, o chão estava frio. Meu coração ficou acelerado pelo movimento abrupto. Abri a janela para ver o que me incomodava. Subitamente um forte vento me arrancou como uma folha de uma árvore solta, leve e sem rumo... Tentei me agarrar a algo, mas foi inútil. Durante algum tempo, não sei ao certo quanto, fui levado... Ouvi um som estranho. Eram vozes talvez. Fiquei com medo. E elas aumentavam e iam ficando mais e mais perto de mim. Um quadro negro apareceu na minha mente, e eu apaguei...
Abri os olhos, percebi que estava embaixo de uma grande árvore. Ao meu redor apenas... nada! Meus olhos não reconheciam aquele lugar. Meus sentidos atordoados não tinham mais nenhuma razão. Era eu e o nada. Aos poucos ouvi novamente aquelas vozes que repetiam... sim, não. Elas reverberavam em todo o meu corpo. Algumas imagens começaram a me assombrar. Logo percebi que aquele lugar era o refúgio de tudo aquilo que eu não vivi. O largo de uma outra vida. Uma vida paralela, onde tudo era reproduzido ao contrário das minhas decisões. Era como se fosse uma segunda chance. Ah! Como eu chorei quando comecei a ver... Como chorei ao perceber o quanto a minha vida teria mudado, se, ao invés de eu ter ido pela direita, tivesse ido para a esquerda. Quantos sim que eram para ser não. Quantos não que eram para ser sim. Logo uma angústia inundou o meu ser. Comparei meus mundos. Novamente eu chorei.
Durante um tempo eu revi tudo que já tinha vivido. Naquele momento eu tinha sido sorteado pela natureza. Ela me deu uma oportunidade de avaliar-me. Eu tentei ser forte. Olhei as imagens, revi meus erros, vibrei com meus acertos... e vi que a vida não possui certo nem errado. Percebi que não importava o meu rumo. Porque a essência era sempre a mesma. Como se a vida fosse dividida em: coisas que podemos mudar e coisas que apenas devemos aceitar. Mas eu nunca fui resignado. Nunca me conformei com as coisas da vida. Sempre lutei pelo que amei, pelo que sonhei e acreditei. Mas nessa sessão sobrenatural pude perceber que eu era uma peça solta em um mundo movimentado e abalado constantemente. Eu já não conseguia parar de chorar. E a cada lágrima, um pouco de mim escorria pelo meu rosto. Era como se meus pensamentos já não fossem mais meus. E o sentimento que causa o choro, expelia o que eu sentia. Aos poucos fui ficando leve. Uma paz que eu nunca tinha sentido antes me trouxe ao meu mundo. E, quando nenhuma lembrança do outro mundo estava mais em minha mente, eu acordei. E já não tinha mais vontade de chorar. E voltei a dormir.

VANDERSON PIRES

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